É show: Xande de Pilares é Carioca do Ano na música
Após quebrar barreiras que julgava intransponíveis com álbum em que dá nova roupagem a clássicos de Caetano Veloso, músico será enredo de escola de samba
Desde 2021, Xande de Pilares bate ponto toda quinta no Bar do Zeca Pagodinho da Barra, no Vogue Square. Com clima informal, o show vive lotado, com fila na porta. Lá, o artista se sente à vontade para cantar o que quiser, de canções próprias a sucessos eternizados por Emílio Santiago (1946-2013) e Arlindo Cruz (1958-2025). Buscando captar esse espírito, ele gravou, na casa, o projeto audiovisual nos Braços do Povo, lançado em dois volumes no segundo semestre.
“Antigamente, era comum o artista fazer temporadas, fui a várias no Canecão. O Bar do Zeca, um lugar em que me sinto em casa, me deu a ideia de revisitar tudo o que vivi”, avalia o cantor e compositor de 55 anos. O trabalho, um mergulho afetivo na formação musical do artista, reúne 64 músicas, divididas em 39 faixas. Ele ainda colhe os louros do sucesso de Xande Canta Caetano, divisor de águas na carreira, que rendeu um Grammy Latino em 2024. Além de levar o troféu de melhor álbum de samba/pagode, ele foi o único brasileiro indicado na categoria principal de álbum do ano.
“Com esse projeto, muito bem produzido por Pretinho da Serrinha, conquistei um público que jamais imaginei que alcançaria”, diz, acrescentando que, ainda criança, foi incentivado pelo avô a escutar medalhões da MPB, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Baby do Brasil e Rita Lee (1947-2023). Em 2026, Xande será enredo de escola de samba, homenageado pela Unidos do Jacarezinho, da Série Ouro. O músico recebeu o convite já com a negativa preparada, por acreditar que ainda tinha muita coisa para viver antes de ser eternizado num desfile.
“O que pesou foi que eu morei lá, conheço os compositores, e todos eles me incentivaram. Do Jacarezinho, eu saí para as oportunidades que a música me deu. Então resolvi aceitar, mesmo com um pouco de medo”, explica. Apesar do nome artístico, Xande nasceu na Esperança, no Complexo do Turano, entre os bairros do Rio Comprido e da Tijuca. É dessa época que vem sua ligação com o Salgueiro. Depois, rodou por vários lugares do Rio, incluindo Pilares. Atualmente, o músico vive na Barra, e entre seus programas estão a praia, as quadras das agremiações, jogos do Mengão no Maracanã acompanhado da esposa, Thay Pereira, e da filha caçula, Estrela, de 1 ano e 8 meses. Ele também faz questão de encontrar os amigos da antiga no Bar Columbia, na Tijuca, com regularidade. “Sou dado às amizades raiz, não sou muito de ficar onde só tem famoso”, observa, com a costumeira simplicidade dos gigantes.
CARIOCAS DO ANO 2025 é uma realização de VEJA RIO com patrocínio de Light e Alerj, apoio institucional do Governo do Estado do Rio de Janeiro e parceria de Salton e Castas Importadora.
