Carmen, de Cervantes
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Rafael Teixeira
Protagonista da mais célebre novela do francês Prosper Mérimée (1803-1870), a cigana Carmen alcançou um lugar definitivo no panteão dos personagens icônicos da literatura mundial — tendo, inclusive, estimulado o desenvolvimento de obras de arte em outros campos, como a famosa ópera de Bizet (1838-1875) e um punhado de filmes. Apesar disso, em Carmen, de Cervantes ela está desgostosa com sua própria história, que deseja ver reescrita. Para isso, como sugere o título da peça, Carmen (papel de Ana Paula Bouzas) procura ninguém menos do que o grande autor espanhol (vivido por Samir Murad), ele próprio em busca de uma possível reinvenção pessoal. Baseada no conto de Marcos Arzua, adaptada para o palco por ele mesmo, com o diretor Fábio Espírito Santo, a fábula parte de uma interessante premissa (evocativa do clássico Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello), infelizmente não desenvolvida em sua plenitude: o embate entre Carmen e Cervantes soa redundante e acaba obscurecido por cenas relacionadas a cada um deles individualmente. No elenco, completado por Ciro Sales e Andreza Bittencourt, Ana Paula e, especialmente, Murad tiram melhor proveito da linha de atuação algo operística.