Alice Wegmann: “São muitos julgamentos”
No ar em Vale Tudo e Rensga Hits!, a atriz rebate as críticas à novela, fala sobre a boa fase profissional e revela os próximos projetos

Pouco depois da eliminação do Fluminense da Copa Mundial de Clubes, Alice Wegmann conversou sobre a boa fase profissional e pessoal. Tricolor de carteirinha, a atriz carioca, que chegou a viajar para Orlando só para assistir a um dos jogos do time das Laranjeiras, não se deixou abalar pelo resultado: “Não poderia estar mais orgulhosa, estamos entre os quatro melhores do mundo”, vibrou, enquanto falava da casa do avô, o responsável por sua devoção ao clube.
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Aos 29 anos, ela aprendeu a lidar de forma saudável com competições no período em que foi atleta de ginástica olímpica, logo antes de se dedicar profissionalmente à atuação, carreira que completa a maioridade em 2025, com vinte papéis só no audiovisual. “Era muito insegura, hoje estou relaxada”, reflete Alice, que faz sucesso no horário nobre como a Solange Duprat do remake de Vale Tudo. Ela também acaba de estrear a terceira temporada de Rensga Hits!, série do Globoplay em que interpreta uma cantora sertaneja, e começa a preparação para um filme italiano, previsto de ser rodado no primeiro semestre do ano que vem.
Como assiste à repercussão da nova Solange de Vale Tudo? Desde 1988, a Solange já levantava questionamentos na sociedade. Vejo pessoas se inspirando, me marcando em postagens de trabalho. Esse é um questionamento dos millenials com a Geração Z: se são ou não preguiçosos. De um lado, temos a Maria de Fátima que só quer dinheiro fácil; do outro, uma workaholic ligada o tempo todo no telefone. É um debate atual e fundamental.
Você se vê na personagem? Sim, eu mesma já trabalhei mais do que meu corpo aguentava e precisei aprender sobre limites. Nenhum personagem dessa novela é perfeito, e isso que a torna tão interessante e cheia de debates. Mas Vale Tudo vem recebendo críticas justamente por tentar trazer discussões demais… Na verdade, o país está com discussões demais. Estamos falando de muita coisa, o tempo inteiro. A novela não é nada além do que um reflexo daquilo que está acontecendo. Estamos alinhados ao nosso tempo.
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Considera esse trabalho um divisor de águas na sua carreira? Tive a sorte de fazer muitas obras que foram marcantes na minha trajetória. Cada papel mostra onde ainda consigo chegar. Ano que vem vou fazer um filme italiano, será o primeiro longa em outra língua ó estou tendo aulas e treinando no Duolingo nos intervalos das gravações. Não gostaria de estar em outro lugar e, para mim, isso é o sinônimo de sucesso.
O sertanejo é o gênero mais ouvido em 24 capitais e no Distrito Federal, mas no Rio ele fica em sexto lugar. Depois de Rensga Hits!, sua relação com o estilo mudou? O Rio tem um elitismo cultural, ainda há certo preconceito. Meu pai sempre gostou de música brasileira, e a curiosidade dele despertou a minha. Ia aos shows da dupla Jorge & Mateus na adolescência, já fui até para festival de rodeio em Jaguariúna (São Paulo), mas como carioca acabava ouvindo mais funk, pagode e samba. A série me fez mergulhar de cabeça, especialmente no feminejo. Somos capitaneados por mulheres no roteiro e na direção, o que deu profundidade a esse recorte.
O que a Raíssa, sua personagem na série, traz de novo na terceira temporada? Levantamos alguns questionamentos interessantes sobre sucesso. Ela consegue estourar como cantora e acaba se deslumbrando, esquecendo do que realmente sonha e como chegou até ali. Estamos chamando essa fase de “bad Raíssa”. Ela não é exatamente uma vilã, mas tem comportamentos questionáveis. Isso enriqueceu a personagem.
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Depois de três anos, é menos desafiador tocar e cantar em público? Mesmo já entendendo como funciona, ainda fico muito nervosa, pois não é o meu lugar de domínio. Mas as músicas são muito boas, os duetos têm potência e isso faz com que eu queira me divertir mais do que acertar. Não quero ser perfeita, quero ser feliz.
Podemos esperar um álbum de Alice Wegmann? Acho muito difícil (risos). Talvez pequenas participações com amigos… Nós, artistas, estamos o tempo inteiro inventando coisas para se coçar. Mas minha prioridade agora é escrever e dirigir filmes, e terminar um livro de crônicas.
Recentemente você foi vista em clima de romance com o empresário Luiz Guilherme Niemeyer. Também está vivendo um auge na vida pessoal? Estou bem com a família, os amigos, o meu time e, sim, estou apaixonada. … um momento de realização como um todo.
No podcast Não Importa, Gregorio Duvivier vive dizendo que você e João Vicente, com quem já viveu um affair e hoje contracena em Vale Tudo, deveriam ficar juntos. Como é essa relação? Sabe por que ele fala isso? Sou uma das poucas que suporta o João, que é uma pessoa dificílima (risos). Ele é um grande amor, mas claro que é uma brincadeira. Somos amigos há anos e já resolvemos essa história. Era um sonho trabalhar juntos e nos divertimos como se estivéssemos em Malhação, zoando com todo mundo. A gente é a quinta série do elenco.
Você costuma frequentar manifestações sociais e políticas, e recentemente esteve em uma contra a jornada 6×1. O que responde para quem diz que essa luta não é sua? Eu consigo ter folga, mas a equipe trabalha 6×1 tendo que pegar condução e passando horas no trânsito, sem tempo para família ou lazer. Sou uma pessoa insatisfeita com o mundo atual, quero que ele mude, e por isso não posso ficar calada. Uso meu alcance a favor das causas que acredito. Sua carreira completou 18 anos.
Como foi crescer sob o olhar público? Atuar é uma experiência muito engrandecedora por nos apresentar realidades muito diferentes, que expandem a mente e a capacidade de empatia. Ao mesmo tempo, são muitos julgamentos. Mas essa é a graça de envelhecer: eles vão se esvaziando. Era muito insegura e hoje estou relaxada. Várias mulheres quebraram barreiras para que pudéssemos aproveitar mais as nossas fases, sem tanta pressão.
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