Como a corrida tem transformado a vida de mulheres do Complexo da Maré

Repórter e apresentadora Carol Barcellos está à frente de projeto que incentiva a prática entre mulheres da comunidade

Por Renata Magalhães
15 jul 2022, 08h00
Atitude transformadora: a jornalista comanda um projeto de incentivo a corrida para mulheres no Complexo da Maré -
Atitude transformadora: - (Daniela Dacorso/Veja Rio)
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Era 1967, e Kathrine Switzer cravou seu nome na história ao se tornar a primeira mulher a completar a Maratona de Boston. Pelo regulamento, qualquer um poderia se inscrever na competição, mas tradicionalmente apenas homens participavam das corridas de rua. O feito rendeu um emblemático registro, em preto e branco, de um dos diretores da prova tentando retirar à força — isso mesmo — a jovem americana da pista. Meio século depois, seu legado continuou sendo fonte de inspiração mundo afora.

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“Durante uma entrevista, Kathrine me desafiou a encontrar uma forma de devolver ao esporte um pouco do que ele tinha me dado”, lembra Carol Barcellos, apresentadora e repórter da TV Globo há quase duas décadas. Carol então procurou a área de Responsabilidade Social da empresa, que a colocou em contato com a ONG Luta pela Paz, fundada no Complexo da Maré, com a qual lançou o projeto Destemidas.

O objetivo é transformar a vida e empoderar mulheres da comunidade através da corrida. “É muito bonito ver a confiança que um ato tão simples, como colocar um pé na frente do outro, desperta em cada uma delas”, entusiasma-se Carol.

“É muito bonito ver a confiança que um ato tão simples, como colocar um pé na frente do outro, desperta em cada uma. Isso se reflete em vários âmbitos da vida delas”

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É claro que a corrida traz inúmeros benefícios à saúde, como melhorar a condição cardíaca e ajudar no sistema respiratório, mas a missão do Destemidas vai ainda mais longe: “É sobre acolhimento, parceria e autonomia. Quero mostrar novas perspectivas de um mundo que é grande, fazer com que elas acreditem que podem sempre mais”, afirma Carol, que já superou a marca de 250 quilômetros percorridos numa maratona do árido Deserto do Atacama.

Além de dois treinos semanais, realizados em uma quadra poliesportiva na Maré, as quase cinquenta mulheres que já participaram do projeto se reúnem em encontros mensais em algum ponto da cidade — Aterro do Flamengo, Lagoa Rodrigo de Freitas e Praia de Copacabana estão entre eles. Elas também recebem acompanhamento de preparador físico, nutricionista e psicólogo.

“Já me questionei se esse trabalho fazia sentido e se tinha mesmo impacto e, sim, o retorno é bastante positivo. Elas conquistam uma segurança que se reflete em vários âmbitos da vida delas”, celebra Carol. Como se vê, ela soube aproveitar muito bem os conselhos de Kathrine.

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