Coronavírus: atriz carioca relata ‘cenário de medo e união’ em Portugal

A carioca Úrsula Corona conta como as autoridades europeias lidam com a propagação do vírus, e fala sobre a solidariedade dos portugueses

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 16 mar 2020, 15h07 - Publicado em 16 mar 2020, 11h33
Úrsula Corona: "O cenário aqui em Portugal dá medo e nos pede atenção: a consciência só chegou agora"  (Nádia Paiva/Divulgação)
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“Como podem tantos não quererem enxergar e entender os fatos que se repetem em diversos países? Como não acreditar que essa já é a nossa realidade também? Brasil, meu país amado, você não é filho único imune ao Coronavírus. A realidade que estou vivenciando aqui em Portugal, para onde vim em 2011, é muito dura. Tempos difíceis. Muitos médicos e profissionais da área da saúde infectados, outros de quarentena, no mercado, prateleiras vazias. Um caos. Um cenário que nos dá medo e atenção; a consciência só chegou agora. Muitos países acordaram tarde, e não gostaria que o meu país fizesse o mesmo caminho. Inúmeros governos ignoraram a gravidade do vírus, e hoje,  diversas entrevistas e declarações oficiais admitem não conseguir ter controle.

O Ministério da saúde de Portugal já admitiu que o país não está preparado, e na Inglaterra a previsão é de meio milhão de mortes. O que me assusta ainda mais são os relatos de médicos na Itália, na linha de frente contra o vírus falando que têm que escolher a quem dar tratamento: quem vive e quem morre, priorizando quem tem mais “chance” de viver. Partidos políticos por toda Europa estão se unindo esquecendo as diferenças para buscarem solução unidos. Empresas apoiando a quarentena como a de telefonia que oferece gratuitamente mais 10G a todos os clientes. Isso é um exemplo importantíssimo que mostra muito o apoio de todos. Aqui em Portugal, diariamente às 22h‬ pessoas vão as janelas baterem palmas pelos profissionais da saúde, que estão arriscando suas vidas exaustivamente para salvar as pessoas.

A realidade aqui mudou de um dia para o outro. COVID-19 traz um efeito dominó e o mundo precisa diminuir a curva de infecção. Vinte dias em casa não vai matar-nos, mas vai contribuir com a diminuição da propagação do vírus. O coronavírus é tão resistente que até o troco em um pedágio ou no caixa de mercado podem ter contágio. Já pensou em quantas mãos aquela nota de dinheiro não circulou? E se uma das pessoas estava infectada? Me refugiei numa cidadezinha na região do Alentejo, único lugar do país em que ainda não foi registrado nenhum caso de Coronavírus. Estou longe da família, longe da cidade, buscando proteção perto da natureza.

Algumas sugestões que eu estou seguindo são:

*Frutas: comam sem casca (não se sabe quantas pessoas tocaram na fruta até chegar a sua mesa e se alguma estava com vírus)

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*Importante quem tem bichos: os animais  não são transmissores do vírus, não precisam abandonar seus pets.

*Pensem nos seus pais, avós e família que podem ser vítimas da nossa imprudência.

*Estoquem comida com sustância: arroz, feijão, comidas fortes e que sustentam.

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*Vitamina C, D e zinco são fundamentais.

*Prefiram alimentos cozidos.

*Cortem as unhas.

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*Não coloquem as mãos nos olhos, boca. Nada.

*Não partilhem copos.

*O vírus no metal sobrevive mais de 20h. Cuidado com corrimão, elevadores públicos, shopping… ambientes com muita circulação.

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*Faça isolamento social. Não é tempo de encontrar ninguém. Novamente digo: quarentena não são férias.

*Não vá a eventos sociais, shows, academias, praias, igrejas, shoppping, cinema, teatro, nada. Estejam isolados. Ganhem tempo. Há um estudo que 80% da população mundial vai ser infectada se continuarmos nessa inércia.

Por favor se unam, se informem, se isolem, cobrem apoio do governo e vamos reagir. Minhas palavras não são para assustar ninguém, mas para alertar a quem quiser fazer a diferença. A melhor contribuição para cada um de nós e principalmente para si próprio é perceber que precisamos parar e isolar-nos . Não estamos em tempos de brincadeira”.

Úrsula Corona é atriz e está em cartaz na TV portuguesa atualmente, na novela “Na corda bamba”.

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