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O emocionante diálogo entre Fernanda Montenegro e Othon Bastos no teatro

Atriz foi às lágrimas ao ver o amigo, também nonagenário, no ensaio aberto da peça Não Me Entrego, Não!, que ele estreia nesta sexta (14) no Teatro Vanucci

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 jun 2024, 14h56
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Fernanda Montenegro: atriz se volta a apresentar leitura dramatizada de textos de Simone de Beauvoir no Rio (Leila Fugii/Divulgação)
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Dois grandes da dramaturgia nacional, os atores Fernanda Montenegro, 94 anos, e Othon Bastos, 91, emocionaram o público presente e os internautas no encontro dos artistas no segundo dia de ensaio aberto do espetáculo Não Me Entrego, Não!, protagonizado por ele, no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea.

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“Tão comovente!”, disse Fernanda, emocionada, abraçando o amigo, em vídeo publicado no X (antigo Twitter). “A gente soma quase 200 anos“, provocando risos nos presentes. “É verdade! Porque nós amamos esse teatro, porque nós amamos esse palco. Só nós sabemos. Só nós sabemos”, emendou ela, antes de encher o Othon de beijos.

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“As vezes que eu vi você em cena, nunca errou. Você nunca errou, sabe? Seus personagens sempre foram perfeitos”, elogiou a atriz. “Eu entendo perfeitamente você vir pra cena. Eu entendo perfeitamente. A gente não pode deixar de vir pra cena. Até em cadeira de rodas. Enquanto isso aqui (aponta para a cabeça dele e a dela) funciona ainda, o corpo vem junto“, afirmou.

Fernandona prosseguiu: “Vim aqui te dar um beijo e dizer o que nós vivemos quase cem anos de uma vida intensa e de sobrevivência. Não? Sobrevivência artística, de um país que a gente tem que levar… “, e emendou sobre uma situação vivida durante a ditadura militar no Brasil.

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“Uma vez num daqueles debates intensos com os militares, era toda hora peça parada, era um inferno. E aí numa reunião nossa, houve um movimento de parar o teatro, fazer uma reação de contestação, um movimento de parar o teatro como um grito de guerra”, contou.

“Fernando  [Torres, marido da atriz, morto em 2008, com quem fundou o grupo Teatro dos Sete] disse: ‘Não vamos parar, gente. E, se a gente parar, não vai voltar. Porque a gente só está continuando porque a gente veio pra cá’. Então o ato mais desafiador é a gente não deixar de vir“, afirmou.

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Antes de ir embora, ela falou sobre sua emoção com a peça. “Tô ainda carregada. Carregada. Eu vi praticamente tudo que você fez. De vez em quando, passa o filme do Glauber [Rocha, cineasta; Othon Bastos interpretou Corisco no longa Deus e o Diabo na Terra do Sol, do cineasta]. Nunca mais a gente fez nada igual”, disse.

Um dos presentes brincou: “Vai, Corisco”, em referência ao personagem. Ao que a atriz respondeu: “Mas o Corisco é que assinou aqui, sabia? O Corisco é que assinou. Porque a gente tá esperando. O filme tem uma expectativa. E você chega e ‘pá!’. Muito obrigada”, derreteu-se.

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Os dois contracenaram no longa Central do Brasil, de Walter Salles. Fernandona é a personagem Dora, professora aposentada que escreve cartas para pessoas analfabetas na Central e que decide ajuda o menino Josué (Vinícius de Oliveira) a encontrar seu pai no Nordeste. O papel rendeu a ela uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Já Othon vive César, um caminhoneiro evangélico por quem a mulher se apaixona.

Não Me Entrego, Não! celebra os 70 anos de carreira do ator e traz fatos marcantes de sua vida e reflexões suas. A peça é dirigida por Flávio Marinho, que também escreveu o texto a partir de centenas de páginas de anotações de Othon Bastos. Depois de serem realizados três ensaios abertos, o espetáculo estreia nesta sexta (14), no Teatro Vanucci.

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Fernanda Montenegro atualmente apresenta em São Paulo a leitura dramatizada de A Cerimônia do Adeus, de Simone de Beauvoir (1908-1986), que marca seus 80 anos de carreira, depois de duas temporadas recentes no Rio. Lá, assim como aqui, os ingressos esgotaram-se rapidamente.

Na obra, Beauvoir baseia-se em seu diário, em depoimentos e em entrevistas para relatar os últimos anos do também filósofo Jean-Paul Sartre (com quem teve um relacionamento por 51 anos, até a morte dele, em 1980) e abordar as reflexões dele acerca da velhice, da morte e de outros temas importantes em sua trajetória.

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