Marco Nanini: “O trabalho me dá oxigênio”
Após lotar sessões em várias cidades, o ator apresenta no Teatro Prio a temporada carioca da peça Traidor, sob direção de Gerald Thomas
Você emendou a pandemia com trabalhos no audiovisual e, agora, está de volta aos palcos. O que o motivou a regressar aos teatros? Um novo trabalho com Gerald, reeditando nosso encontro em 2005 com a peça Circo de Rins e Fígados, soou desafiador. Eu gosto disso, acho que a arte deve sempre ser algo que nos coloca em xeque. O trabalho me dá esse oxigênio, e o prazer de reencontrar a plateia é muito grande.
Traidor teve sessões esgotadas em São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. A que atribui a presença maciça do público? Eu tenho frequentado muito o teatro desde o pós-pandemia e noto que a plateia está mais interessada, talvez pelo fato de estarmos ali, presencialmente. No mundo conectado e cheio de telas, talvez o espectador busque uma experiência ao vivo, humana, real.
Seu personagem transita entre a tragédia e o humor, o otimismo e o pessimismo. Você se identifica com ele? O personagem leva meu nome, Nanini, mas não sou eu. Ele está atormentado, inquieto, emenda assuntos e frases que aparentemente não fazem sentido. É alguém que está enlouquecendo neste mundo de hoje, bombardeado com tantas notícias, conteúdos, redes sociais. Tudo acontece naquele exercício de estilo do Gerald, que mistura assuntos contemporâneos, cria um universo à parte, mas com muito humor para falar do caos que nos cerca.
Você afirmou que “se considerava um garoto até uns cinco anos atrás e, de repente, entendeu que era um senhor”. O que mudou? Nosso ofício exige muito do físico. Lembro de quando fazia Irma Vap — de como eram exaustivas, fisicamente, aquelas trocas todas de roupa, de personagem. Nos ensaios e no trabalho, a gente vai sentindo um pouco mais o corpo reclamar, à medida que o tempo passa. Vi que precisava cuidar mais da saúde.
Como faz isso? Pratico exercícios, pilates, fisioterapia, parei de fumar há sete anos, cuido da alimentação, me tornei vegetariano. É preciso estar preparado para enfrentar, aos 75 anos, toda a rotina de uma temporada e também da turnê, das viagens, dos ensaios. Eu estou.