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Minas na rima! Mulheres renovam a cena de rap no Rio

Com versos desbocados e shows com ingressos esgotados, uma nova geração de mulheres fluminenses conquista espaço no hip-hop, gênero ainda dominado por homens

Por Pedro Coutinho
Atualizado em 11 ago 2025, 14h41 - Publicado em 8 ago 2025, 08h14
Elas no microfone: Slipmami, Ebony e N.I.N.A estão entre os principais nomes na cena do rap carioca.
Elas no microfone: Slipmami, Ebony e N.I.N.A estão entre os principais nomes do rap nacional. (Ernna Cost/Louquera/Divulgação)
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Na música Espero Que Entendam, lançada em 2023, a rapper Ebony, hoje com 25 anos, listou alguns dos maiores nomes do rap nacional todos homens e, mesclando crítica e humor, abordou algumas das principais polêmicas que cercavam esses medalhões. Na época, a artista nascida em Queimados, na Baixada Fluminense, havia acabado de alcançar o 11º lugar da lista de virais do Spotify ó feito superado neste ano com o lançamento do álbum KM2, que emplacou não só uma, mas quatro canções na parada, incluindo uma no Top 5. Na tal faixa, a artista afirma: “Não vou deixar que homens limitem até que tamanho as mulheres podem chegar”.

Os ingressos para o show no Circo Voador, em setembro, que integra a primeira turnê da carreira dela, esgotaram-se com dois meses de antecedência. Ebony faz parte de uma nova geração feminina no hip-hop, consolidada no fim da década passada, a partir da popularização do trap vertente mais lisérgica do rap, conectada especialmente ao funk. “A partir de 2010 nota-se uma nova dinâmica no gênero, com maior protagonismo feminino e LGBTQIAPN+”, explica a pesquisadora de funk e trap Tamiris Coutinho, da UFF.

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Essa abertura, no entanto, não surgiu do nada: pioneiras como as paulistas Dina Di, Sharylaine, Negra Li e Rúbia e a carioca Kmila CDD vêm abrindo portas para outras mulheres desde a chegada do rap ao Brasil, no fim da década de 1980. “Ouvindo Falcão, da Kmila CDD com MV Bill, pela milésima vez, uma chave virou e percebi que não precisava mudar a minha forma de falar para poder fazer música”, conta N.I.N.A, alcunha de Anna Ferreira, 28 anos, nascida e criada na Mangueira, Zona Norte, uma das principais expoentes do subgênero no Rio.

A lírica direta, em muitos casos combativa e de cunho sensual, pode chocar alguns ouvintes. “Existe uma ideia de que mulheres no trap hoje só falam de sexo, mas isso também é debater direito ao prazer, uma pauta importantíssima para a saúde feminina”, esclarece Tamiris, cuja pesquisa concluiu equivalência temática e estética entre canções masculinas e femininas. Para Yasmin Pinto da Silva, mais conhecida por Slipmami, 25, as canções são uma forma de se reafirmar. “Na infância, eu não conseguia comunicar meus sentimentos. Sempre fui muito tímida e um pouco reprimida. Já a Slip é totalmente o oposto, é como se fosse um grito”, reflete a rapper de Duque de Caxias.

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No ano passado, N.I.N.A e Slipmami levaram seus respectivos sons a um dos maiores festivais do país: o Rock in Rio. Cada uma acumula
mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify. Dentre eles está a universitária carioca Amanda Vianna, 22 anos: “Os homens estão
muito confortáveis, falam sobre o que está na moda. Hoje, as letras são sobre garotas de programa e jogo do tigrinho, muito repetitivo. As
mulheres fazem rimas muito mais profundas”, conta a jovem, que já tem um TCC encaminhado sobre a presença feminina nas rimas.
Por mais que os feitos sejam impressionantes, a disparidade ainda é clara.

Em 2024, oito dos dez artistas mais ouvidos pelos cariocas na plataforma de streaming foram de hip-hop, todos homens e a única representante da ala feminina é Ludmilla. Ainda assim, os obstáculos não são motivo para parar. “Eu tive certeza de que ia ser mais difícil por ser uma mulher preta. O peso é duplo, mas não senti medo, muito pelo contrário, isso me deu muito gás”, revela N.I.N.A. Para os que duvidam da potência feminina na cena musical, Ebony termina o álbum mais recente com um misto de afronta e promessa: “Eu sei que é confuso, uma garota é o melhor rapper vivo”.

+ Leandra Leal e Irandhir Santos são herdeiros do bicho em Os Enforcados

SEM BARREIRAS

Os números que elas movimentam nas plataformas de streaming e as histórias delas.

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Slipmami

Slipmami: a voz por trás de Malvatrem e Até aqui, Slip nos ajudou planeja lançar mais singles em 2025.
Slipmami: depois de GODZILLA e MERCÚRIO EM CÂNCER, a voz por trás de Malvatrem e Até aqui, Slip nos ajudou se prepara para lançar mais singles em 2025. (Divulgação/Divulgação)

Yasmin Pinto da Silva começou lançando músicas como uma brincadeira na plataforma SoundCloud. A artista de Duque de Caxias se interessa por questões raciais e feminismo desde os 14 anos. Hoje com mais de 180 milhões de reproduções no Spotify e inspirada pelas letras da americana Megan Thee Stallion, opta por uma caneta menos política. Ainda assim, entende o impacto que sua música pode causar em jovens pretas como ela.

N.I.N.A

N.I.N.A: Depois de PELE e Para Todos os Garotos que Já Mamei, a artista lançou um álbum ao vivo este ano.
N.I.N.A: Com o sucesso de PELE e Para Todos os Garotos que Já Mamei, a artista decidiu lançar um álbum ao vivo este ano, com a apresentação que fez no Rock In Rio. (Louquera/Divulgação)

Antes de se tornar MC, Anna Ferreira era DJ e pesquisadora musical. Cria da Cidade Alta, se apaixonou pela rima nas batalhas de poesia slam, numa época em que sentia falta de uma música mais direta. Com mais de 1,7 milhão de ouvintes mensais no Spotify, a rainha do drill já fez terapia o suficiente para não deixar a preocupação com números pesar. O próximo projeto como artista independente é um EP inteiro sobre futebol.

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Ebony

Ebony: Vida Periférica, de 2021, é o álbum de estreia da rapper, em Terapia, ela furou bolha e este ano com KM2 ela faz sua turnê de estreia com casas esgotadas.
Ebony: Vida Periférica, de 2021, é o álbum de estreia da rapper. Já em Terapia, ela furou bolha e este ano com KM2 a compositora faz sua turnê de estreia com casas esgotadas. (Ernna Cost/Divulgação)

Nascida e criada em Queimados, na Baixada Fluminense, Milena Martins furou a bolha com seu segundo álbum de estúdio, Terapia, que acumula mais de 85 milhões de reproduções no Spotify. As músicas são marcadas pelo humor ácido e conteúdo sexual. No disco seguinte, KM2, a artista buscou uma abordagem mais pessoal, dividindo seus traumas de infância com o público.

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