Muito mais que uma empresária, Paula Lavigne ganhou prêmio de Ativismo
A carioca do ano consegue mobilizar a classe artística e a sociedade civil para cobrar políticos e impedir os desmandos do Congresso
Quando a PEC da Blindagem, ou “PEC da Bandidagem”, como foi chamada pela população — Proposta de Emenda à Constituição que pretendia dificultar a investigação e o julgamento de parlamentares pelo Supremo Tribunal Federal, exigindo autorização prévia da própria Câmara ou do Senado para processá-los — foi aprovada no Congresso, grande parte do país se indignou.
O que os criadores do projeto não imaginavam é que, no meio do caminho, haveria uma mulher determinada. A empresária Paula Lavigne, 56 anos, mobilizou uma constelação de artistas para um show-manifesto no Rio de Janeiro. Rapidamente, outras ações do tipo se espalharam pelo país. Na Praia de Copacabana, ela conseguiu o feito histórico de reunir gigantes como Caetano Veloso — de quem Paula é esposa e empresária —, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan e Paulinho da Viola. Foi a primeira vez em trinta anos, aliás, que Gil e Paulinho voltaram a dividir um palco. Dias depois, a PEC foi rejeitada por unanimidade.
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“Artistas, sociedade civil organizada e o campo progressista, unidos, são capazes de levar multidões às ruas para defender a democracia”, comemorou ela. No último domingo (14), a 342 Artes, comandada por Paula, articulou o Ato Musical II: O Retorno, mais uma vez no cartão-postal carioca, com o lema “Vamos devolver o Congresso para o povo”. O anúncio aconteceu após a aprovação, em plena madrugada, do PL da Dosimetria, que beneficia condenados envolvidos na tentativa de golpe de Estado que culminou em 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mais uma vez, Caetano e outros grandes nomes, como Gil, Paulinho, Chico, Lenine, Fernanda Abreu, Emicida e Duda Beat, levantaram a voz e atraíram milhares de pessoas.
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O movimento 342 Artes nasceu em 2017, quando o então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, vetou que o Museu de Arte do Rio (MAR), municipal, recebesse a exposição Queermuseu. Mas ela já havia mobilizado artistas em outras ocasiões. A empresária garante que não faz nada disso para se candidatar ou para ser vista como liderança política. “Ajo em nome da cultura. Sou uma soldada da causa artística”, disse ela, mãe de dois músicos, Zeca e Tom Veloso. Uma ajuda de respeito.
