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Paulo Wanderley Teixeira, do COB: “O objetivo é superar Tóquio”

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro faz suas apostas de medalhas e revela qual a maior preocupação durante a Olimpíada de Paris

Por Melina Dalboni
21 jun 2024, 06h00
Paulo Wanderley Teixeira
Paulo Wanderley Teixeira (Daniela Dacorso/Divulgação)
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A um mês da Olimpíada de Paris, Paulo Wanderley Teixeira, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) desde 2017, está voltado para a ideia de superar o número de medalhas conquistadas em Tóquio — 21 ao todo, sete delas de ouro. Não será um feito fácil, mas é por isso que ele, nascido no Rio Grande do Norte, ex-atleta de judô e treinador olímpico (do judoca Rogério Sampaio, nos Jogos de Barcelona, em 1992), dedica-se obsessivamente. Trabalhando hoje no Rio, Wanderley se prepara para embarcar a Paris com uma delegação formada por 640 pessoas, entre esportistas e pessoal de apoio. O Brasil já cravou dois marcos importantes: até agora, meados de junho, contabiliza 242 vagas conquistadas, sendo a maioria ocupada por mulheres — 128 ao todo. Nunca houve um Time Brasil predominantemente feminino na história olímpica. Também a premiação para medalhistas atingirá cifras inéditas: 7 milhões de reais no total. “É para melhorar o sorriso dos atletas. Quem não quer?”, diz, bem ao seu estilo, o mandachuva do COB, que recebeu VEJA RIO na sede do QG olímpico, na Barra da Tijuca.

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Pergunta que todo mundo se faz: em quais modalidades o Brasil deve sair com medalha? Não tem como não dizer que o vôlei não irá para o pódio. E pode torcer para a Rebeca Andrade e para a ginástica artística, porque vamos levar algumas medalhas. No surfe, com o Medina, também, assim como no judô, no boxe e no skate. Vou parar por aqui, senão meus amigos vão cobrar: por que não falou da minha modalidade?

Acredita que o país baterá a marca de 21 pódios alcançada na última Olímpiada? O objetivo é superar Tóquio. Criamos uma estratégia para isso e estamos acompanhando os mundiais de cada modalidade, além de observarmos os resultados dos Pan-­Americanos de 2023, em que tivemos a melhor performance da história. O investimento nas confederações e nos atletas aumentou substancialmente, o que é determinante para o resultado.

Quais investimentos ajudaram na preparação dos atletas? Em Paris, o piso da apresentação da ginástica artística será diferente do que foi utilizado em Tóquio. Então, trocamos o material do centro de treinamento para os atletas se ambientarem. No hipismo, precisávamos de mais um cavalo classificado para formar o conjunto. Tínhamos quatro na Europa, já em treinamento, e mandamos mais um, que se classificou.

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A ausência masculina no futebol impacta o projeto Paris 2024? É uma modalidade bicampeã olímpica, e o que menos se espera é que o Brasil não vá buscar uma medalha nos campos. Foi realmente uma surpresa. O futebol masculino está desclassificado, mas o feminino segue no páreo. Vamos torcer por elas.

Pela primeira vez, o Brasil vai levar mais atletas mulheres que homens. Como avalia tal avanço? Temos uma política voltada para o incentivo das mulheres no esporte, trabalhando para gerar mais oportunidades, e elas estão conquistando seu espaço. Obviamente que a desclassificação de algumas equipes, como futebol e handebol masculinos, contribuiu para esse número. Mas é sempre assim: enquanto uns choram, outros vendem lenço.

“A saúde mental no esporte está mais valorizada do que nunca. Teremos psicólogos e terapeutas nos Jogos”

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Quais foram os grandes desafios na organização da missão olímpica brasileira em Paris? Os espaços para instalar nossas bases foram muito concorridos. Estamos organizando isso há cinco anos. Serão sete bases ao todo, incluindo a do Taiti, que receberá os atletas do surfe, e a principal, em Saint-­Ouen, a 6 quilômetros de Paris.

O fator psicológico dos atletas é preocupação do COB? A importância da saúde mental no esporte vem desde sempre e, agora, está mais valorizada do que nunca. A pandemia serviu de alerta geral. Hoje, temos uma área específica voltada à saúde mental dentro do comitê e teremos uma equipe de psicólogos e terapeutas nos Jogos.

Qual a importância de elevar a premiação aos atletas? É uma maneira de recompensá-los. Em relação a Tóquio, os valores subiram 40%. Cada medalhista de ouro vai ganhar 350 000 reais. Nas modalidades de grupo (de dois a seis atletas), serão pagos 700 000 reais por equipe, e nas coletivas (a partir de sete), 1,05 milhão.

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O legado deixado pela Rio 2016 favorece o desenvolvimento do esporte de alto rendimento? Grandes eventos do esporte têm um impacto bastante positivo. Em maio, graças a toda a estrutura que existe hoje no Rio, sediamos um torneio internacional de tênis e outro de tiro esportivo. A ginástica e o judô também contaram com campeonatos pan-americanos por aqui. Temos recebido muitos eventos importantes nas arenas do Parque Olímpico.

Como presidente do COB desde 2017, sofreu alta pressão no cargo? Aliado à crise instaurada por denúncias de irregularidades no COB, depois dos Jogos de 2016, houve um declínio acentuado de investimento. Quando assumi, o COB estava suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional. Provamos que o problema não era no COB, mas no Comitê Organizador dos Jogos, que são organizações diferentes. Tivemos muito trabalho para comprovar. Aos poucos, fomos reconquistando a credibilidade do público, dos órgãos governamentais e das empresas privadas. Estamos com um recorde, neste ciclo olímpico, de aporte de recursos privados no COB.

A um mês do início dos Jogos de Paris, o que mais o faz perder o sono? Não é o que deveria ser: nossa missão, nossos atletas, nossas equipes, mas uma preocupação geral do mundo, a segurança. É um ponto de atenção. Mas acredito que tudo vá dar certo.

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