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“Temos muita oferta”, diz Peck Mecenas, produtor de grandes festivais

Por trás de eventos que atraíram mais de 1,5 milhão de pessoas em 2025, o produtor musical conta histórias de bastidores e fala sobre o mercado

Por Renata Magalhães
Atualizado em 3 out 2025, 08h49 - Publicado em 3 out 2025, 08h49
Peck Mecenas
Peck Mecenas: “Tem cachês que custam o dobro, mas que compensam por ser algo que as pessoas ainda não viram em outro festival”  (Wes/Divulgação)
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A partir de sábado (11), a Marina da Glória vira palco para uma viagem pela memória da nossa música com o Clássicos do Brasil, que apresenta shows de discos históricos de Nação Zumbi, O Grande Encontro e Capital Inicial. Na terceira edição no Rio, o festival se consolida no calendário da cidade como muitos assinados pelo produtor cultural Péricles Mecenas, mais conhecido como Peck, que em 1990, aos 16 anos, produziu o seu primeiro show, com Fernanda Abreu, e decidiu que essa seria a sua profissão.

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Responsável por trazer estrelas internacionais de pop, rock e reggae, como Men at Work, Ben Harper e Ziggy Marley, e assinar a produção executiva dos DVDs de grandes artistas como Djavan (2002), Alceu Valença (2003) e Natiruts (2012), ele também coloca de pé o Festival de Inverno e o 90’s Festival. Mais de 1,5 milhão de pessoas, o equivalente ao público de duas edições de Rock in Rio, passaram só neste ano pelas atrações promovidas por sua produtora, que acaba de completar 25 anos.

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Antes de pegar a estrada para Búzios, onde irá apresentar shows inéditos na Praia de Geribá no próximo verão, o empresário carioca de 50 anos conversou com VEJA RIO e resgatou histórias de lendas da música com quem trabalhou desde o início da carreira no Circo Voador e na Fundição Progresso.

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Como manter a essência de um evento, mas ainda surpreender? Oferecendo oportunidades únicas. No Clássicos do Brasil, o pessoal vai poder reviver o Marcelo D2 tocando o álbum A Procura da Batida Perfeita e Gabriel O Pensador com Quebra-Cabeça, que ele não apresenta há mais de vinte anos. Tem cachês que custam o dobro, mas que compensam por ser algo que as pessoas ainda não viram em outro festival.

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Na era das experiências, as atividades paralelas ganham mais importância? Sim, e isso vai desde os banheiros ó depois da pandemia, parei de usar cabines químicas ó até as ativações. Na última edição do Clássicos no Rio, trouxemos ações de maracatu e frevo porque íamos para Recife em seguida, enquanto por lá apresentamos o nosso samba. Essa integração também cria uma conexão forte com o público.

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Quando você soube que queria fazer isso da vida? No Colégio São Bento, quando vi uma banda passando som antes de um sarau. Um ano depois, invadi o ônibus do Barão Vermelho, consegui uma vaga como assistente de produção e peguei a estrada com eles. Eles foram muito acolhedores e responsáveis, até em relação às drogas porque eu era menor. Fiz o primeiro show da Fernanda Abreu e trabalhei com o Ed Motta, mas passei a década de 1990 dando cabeçada. Até a virada no ano 2000, quando produzi o Alceu Valença.

De quem mais sente saudade de trabalhar? Marília Mendonça. Cheguei a produzir o chá de bebê dela na Marina da Glória. Era uma pessoa que transformava qualquer camarim em festa, fazia a própria caipirinha. Toda vez que tinha show no Vivo Rio, a gente virava a noite bebendo e ouvindo hip hop e reggae antes dela ir para o aeroporto Santos Dumont. É legal ver o carioca mais aberto para esse gênero ó em 24 horas, vendi 50 000 ingressos para o show da dupla Henrique e Juliano que vai rolar em janeiro no Maracanã.

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Quem foi o artista mais difícil com quem já trabalhou? Nunca tive problema com exigências absurdas, mas todo mundo sabe que com a Maria Bethânia não se fala antes de um show. Ela fica horas meditando e orando, intocável. Por isso suas apresentações são tão espirituais. Já o meu maior risco, sem dúvidas, foi com o Ziggy Marley, em 2006. Trouxe o show dele mais pela emoção do que pela razão, mas deu tão certo que trouxe os outros dois irmãos depois.

Qual o maior perrengue que já passou? O primeiro show d’ O Rappa, na Fundição, estava esgotado e tinham 10 000 pessoas na porta querendo entrar. Quando eles começaram a cantar, a galera invadiu. Isso rolou uma vez no Circo Voador também, no show do The Wailers. Duzentas pessoas “pegaram carona” na van quando ela cruzou os portões. Mas o maior perrengue foi em Niterói, no Caminho Niemeyer, quando uma tempestade de vento destruiu a estrutura horas antes dos shows que estávamos produzindo. Precisei ter muito sangue frio para passar calma para a equipe.

Como você trabalha esse equilíbrio mental? Já tive minhas fases de terapia, agora jogo tênis — mas estou fazendo fisioterapia porque machuquei o joelho por causa do excesso. Também gosto de correr e adoro surfar. Saio às cinco da manhã e vou até a Praia da Macumba, com o celular desligado. Desde 2023, moro em Camboinhas, Niterói, e vim pra cá justamente para ter mais tranquilidade. O The Town não vendeu todos os ingressos deste ano.

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Há uma crise no formato dos festivais? Temos muita oferta, numa fase de instabilidade sociopolítica. O próximo ano é de eleição e o maluco ruivo da América é capaz de muita coisa. Mas não é uma questão do formato: quem tem competência e investe em um conceito consegue se estabelecer. Com o show do Caetano no Festival de Inverno em agosto, Paula Lavigne deixou de atender outros festivais e foi aquele fenômeno. Fico chateado quando fecho com alguém e se apresentam antes em outro festival. É uma cláusula que quero mudar nos contratos.

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Tem algum festival que seja sua referência? O Jazz Fest, em Nova Orleans, me inspira tanto pela diversidade quanto pela forma como é produzido. Começa às 10h e termina 19h, o que permite curtir bem vários dias. Por causa dele, comecei a antecipar os horários por aqui também. Não só os millennials e os gen-Z estão focados no bem-estar, como eu também estou ficando velho demais para aguentar essa batida.

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