Missão austríaca

Evento empresta clima vienense ao Rio, que no século XIX recebeu cientistas e artistas da Europa Central trazidos por Maria Leopoldina

Por Lula Branco Martins
Atualizado em 2 jun 2017, 13h10 - Publicado em 26 mar 2014, 18h28
REPRODUÇÃO DO LIVRO VIAGEM PITORESCA E HISTÓRICA NO BRASIL
REPRODUÇÃO DO LIVRO VIAGEM PITORESCA E HISTÓRICA NO BRASIL (Redação Veja rio/)
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O Rio teve colonização portuguesa, ganhou aspectos franceses no início do século XIX e hoje vive sob influência de símbolos americanos ? o inglês que se prolifera na Barra da Tijuca está aí para comprovar. Mas a cidade também tem sua porção Áustria. Tudo teve início há quase 200 anos, quando aqui chegou Maria Leo­poldina, nascida em Viena, que se tornaria esposa de dom Pedro I e imperatriz consorte do Brasil. Os dois já tinham se casado, por procuração, e aqui, em 1818, houve uma segunda cerimônia de matrimônio. Junto à jovem de 20 anos veio uma comitiva que reunia figurões e grandes cabeças da Europa Central, entre eles o alemão Carl von Martius, botânico designado para uma missão científica. Mais tarde, ele fundaria, em Viena, um museu com arte amazônica, e décadas depois acabaria virando nome de rua no Rio, no bairro do Jardim Botânico. Das mais populares integrantes da corte, tendo inclusive assinado o decreto da Independência, Carolina Josefa (seu nome original) e, por tabela, a Áustria deram sorte, quase dois séculos depois, à Imperatriz Leopoldinense, que foi vice-campeã, com um belo samba, do Carnaval de 1996. Histórias como essas inspiraram a produção de um evento que começa neste sábado (22), na Cidade das Artes, na Barra, intitulado 15 x Áustria, juntando música, exposição e cinema. A agenda é extensa. No que diz respeito aos concertos clássicos, haverá encontros entre a Orquestra Sinfônica Brasileira e instrumentistas vienenses. Por sua vez, a mostra de filmes vai dar um panorama geral na cinematografia austríaca, de produções ainda sem som a modernos curtas de animação, com destaque ainda para a exibição de Os Falsificadores, de Stefan Ru­zo­witz­ky, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008. Outro grande chamativo será a reunião de obras do moveleiro Michael Thonet, nascido na Alemanha no século XVIII, com carreira solidificada na Áustria, famoso pelas cadeiras de madeira em formas curvas ? presentes, aliás, em dezenas de bares e restaurantes cariocas.

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