1 – Recentemente, o senhor disse que as estreias das novelas estão muito apoteóticas, mas não atraem o público. O que fará para conquistar a audiência nos primeiros capítulos de Fina Estampa, a nova trama das 9, prevista para setembro? Tentarei fazer com que os espectadores se tornem íntimos dos personagens já nas primeiras cenas. A novela é um grande escândalo, uma sucessão de fuxicos em torno de pessoas, grupos, famílias. O segredo é fazer com que as pessoas achem que são seus vizinhos.
2 – Como encontra tempo para tuitar tanto e escrever uma novela simultaneamente? Sou um trabalhador compulsivo. Arrumo minha cama, faço meu café, administro o meu portal, respondo a muitos comentários, leio três jornais, vejo um filme por dia e ainda preparo o meu jantar. Meu tempo é rigorosamente dividido, sou metódico sem ser obsessivo.
3 – Várias vezes o senhor anunciou no Twitter que sua próxima novela teria uma atriz de Hollywood. Quem é? Meryl Streep. E, se você quiser saber por quê, não perca os próximos capítulos.
4 – É verdade que não trabalharia mais com Cláudia Abreu, que recusou um papel em uma novela sua, nem com Marília Pêra, que deixou as gravações da série Cinquentinha? Sou um homem de grandes ódios que, graças a Deus, não duram mais do que cinco minutos. Cláudia é uma excelente atriz de sua geração, e eu não perderia jamais uma chance de trabalhar com ela. E, quanto a Marília Pêra, ela é uma das minhas deusas.
5 – Uma vez o senhor escreveu: “Perto de Pedro Bial, aqueles dois do Fantástico… Ai, que saudade do meu tempo de colegial”. Não gosta de Patrícia Poeta nem de Zeca Camargo? Adoro a Patrícia Poeta. Mesmo vestindo aquelas roupas incríveis, ela parece conversar com as pessoas na porta de suas casas. O Zeca, eu queria vê-lo um pouquinho menos garotão. Porém, a julgar pelo sucesso que faz, é claro que ele está certo e eu errado.
6 – Quando o livro de Chico Buarque ganhou o Prêmio Jabuti, o senhor comentou que a literatura brasileira andava fraquinha. Logo que o escritor português José Saramago morreu, escreveu que ele era chato. Não tem medo de ser tachado de arrogante? O fato é que eu tenho minhas opiniões e as divulgo. É claro que posso estar errado. Mas você não acha estranho que o último escritor brasileiro a fazer sucesso de crítica no exterior ainda seja Clarice Lispector?
7 – O senhor disse que só aceitaria Rodrigo Santoro em Fina Estampa vestido como Xerxes, o rei da Pérsia. Não gostaria de tê-lo na sua novela? Eu sou daqueles que perdem um amigo, mas não perdem a piada. Eu gostaria de tê-lo numa novela vestido até de coelho Pernalonga. Mas infelizmente não será desta vez.
8 – Não tem medo de fazer desafetos com seus comentários? Por favor, não leve muito a sério o que escrevo no Twitter. Aquilo lá não sou eu, é um caboclo que baixa em mim de vez em quando. E a verdade é que, por mais cáustico que seja, eu só falo de quem gosto. Aqueles de quem não gosto eu ignoro.
9 – Já foi repreendido pela TV Globo por seus comentários na internet? Acho que eles têm absoluta confiança em mim, porque sabem que eu só falo o que penso. Claro que nem sempre estou certo, mas sou sincero.
10 – O senhor escreveu que os autores de novelas deveriam se aposentar aos 70 anos. Quanto tempo de vida profissional ainda tem pela frente? O que eu disse é que escrever novelas não é apenas um trabalho mental, também é físico. E após os 70 anos já não é possível ficar seis horas sentado diante do computador. Por isso, os novelistas não deveriam se sacrificar.