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Caso Anic: MP pede que réus por sumiço respondam por morte de advogada

Segundo defesa de amante da vítima, delação premiada é negociada para que ele aponte local do assassinato e onde o corpo foi escondido

Por Da Redação
Atualizado em 30 ago 2024, 19h16 - Publicado em 30 ago 2024, 19h13
Sequestro: polícia investiga traições e mentiras no caso da advogada
Anic Herdy: após estrangulamento com abraçadeira, corpo de advogada foi concretado. (Internet/Reprodução)
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Mensagens obtidas por investigadores da 105ª DP (Petrópolis) mostram Lourival Correa Netto Fadiga, um dos supostos responsáveis pelo desaparecimento de Anic Peixoto Herdy, conversando com a amante, Rebecca Azevedo dos Santos, sobre o crime. Anic foi vista pela última vez em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, em fevereiro. Na gravação, do dia 17 de março, Rebeca afirma: “Cinzas já estão passando pelo rio”, ao que Fadiga responde: “Muito bom”, junto com um emoji de sorriso. As novas evidências levaram o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) a pedir que os quatro acusados por extorsão mediante sequestro e desaparecimento de Anic sejam também responsabilizados pela morte da vítima. Fadiga, Rebecca e os dois filhos dele, Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga, respondiam por extorsão mediante sequestro.

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A defesa de Fadiga afirmou em entrevista coletiva nesta sexta (30) que ele, que é segurança e tinha um caso com Anic, confessou tê-la matado. Segundo a defesa, uma delação premiada é negociada com o Ministério Público para que o réu aponte o suposto mandante do crime, assim como o local do assassinato e onde o corpo foi escondido. De acordo com as advogadas de Fadiga, o falso sequestro e a extorsão contra o marido de Anic faziam parte do plano organizado pelo dito mentor. O objetivo, ainda de acordo com a defesa, era mascarar o crime.

“Anic está morta desde o dia 29 de fevereiro. Nunca ocorreu um crime de sequestro, Anic foi morta desde o primeiro dia, desde o dia de seu desaparecimento”, afirmou a advogada Flávia Fróes. Esta foi a data em que a vítima foi vista pela última vez, em um shopping de Petrópolis, na Região Serrana. Flávia defende que o crime de extorsão mediante sequestro só pode ocorrer com uma pessoa mantida em cativeiro: “Isso na verdade não aconteceu porque a Anic morreu dia 29, então o crime imputado aos filhos do Lourival, mencionado pelo MP, não é verdadeiro”. Ainda segundo ela, a advogada entrou no carro de Lourival, com quem tinha um relacionamento extraconjugal, por espontânea vontade.

Em nota, o Ministério Público diz que as tratativas para colaboração premiada estavam sendo feitas, mas não houve acordo sobre os benefícios que poderiam ser aplicados ao caso concreto. Segundo o MPRJ, se novas provas forem apresentadas de maneira espontânea, serão validadas e, se for o caso, consideradas fora do âmbito de uma colaboração premiada. O órgão afirmou ainda que a ação penal segue na 2ª Vara Criminal.

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Relembre o caso

Anic Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, advogada e estudante de psicologia, era casada há 20 anos com Benjamin Cordeiro Herdy, de 78, um dos herdeiros do fundador de um complexo educacional que originou uma universidade particular, vendida para outro grupo educador, em 2021. A advogada desapareceu após sair de um shopping, sendo vista pela última vez, por volta das 11h34, próximo ao cruzamento entre as Ruas Marechal Deodoro e General Osório, no Centro de Petrópolis. A família dela vítima pagou R$ 4,6 milhões de resgate, exigido por uma pessoa que fez contato por mensagens de texto com o telefone de Herdy para supostamente libertá-la. Mas ela não voltou para casa.

Imagens feitas por câmeras de segurança mostram que um carro dirigido por Lourival estava no mesmo local do desaparecimento. “(…) Perceba que o carro de Lourival passa neste último local às 11h49min48seg, ou seja, um minuto após passar no local da câmera anterior (11h48min52seg), sendo que o trajeto é muito curto, aproximadamente 300m, sendo normal fazê-lo em 30 segundos. Assim é possível concluir que o carro de Lourival faz uma parada para Anic entrar”, diz um trecho do relatório do MPRJ.

As investigações feitas pela Polícia Civil e pelo MPRJ mostram que Lourival era responsável pela segurança pessoal da família de Anic, além de ter instalado câmeras de vigilância na casa onde a vítima e o marido moram, em Teresópolis. Foi ele quem negociou com os supostos sequestradores. Henrique, filho de Lourival, recebeu U$ 175 mil, entregues através de um intermediário, em um dos momentos que Benjamin entregou dinheiro para pagar o suposto resgate da vítima. Foram pelo menos 40 depósitos, de acordo com as investigações. Segundo o MPRJ lembrou também que as provas atestam que os réus compraram itens de luxo com o dinheiro do resgate, como um carro e uma moto, e que a filha de Lourival montou uma loja de celulares que teria sido criada especificamente para “lavar” o dinheiro obtido com o crime.

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As investigações apontam que parte do dinheiro foi investida em criptomoedas. A quantia foi rastreada e devolvida à família Herdy. A lavagem de dinheiro será investigada pela Polícia Federal.

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