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Busca por bem-estar impulsionada pela pandemia faz ascender a aromaterapia

Reconhecida pelo Ministério da Saúde como terapia complementar, a técnica utiliza métodos naturais para tratar de depressão e até mesmo queda de cabelo

Por Bruna Motta
Atualizado em 18 set 2020, 15h18 - Publicado em 18 set 2020, 07h00

O juramento de Hipócrates (460 a.C-370 a.C.), lembrado como pai da medicina moderna e uma das grandes figuras do florescimento intelectual na Grécia antiga, é frequentemente repetido pelos aspirantes à carreira no dia da formatura.

Ele ficou conhecido por refutar métodos supersticiosos para a cura de doenças e adotar a análise clínica, cruzando sintomas para chegar a um diagnóstico. Mas seu respeito incondicional à ciência não o impedia de utilizar ervas de diferentes aromas que encontrava na natureza para auxiliar no tratamento de soldados feridos e pessoas com transtornos mentais.

Muitos capítulos na história depois, a essa prática se deu o nome de aromaterapia, que promete melhorar o bem-estar físico e psicológico quando associada a outras técnicas da medicina. Com a pandemia e o aumento dos índices de insônia, stress e depressão, muita gente passou a recorrer aos óleos provenientes das ervas. “Eles podem funcionar como aliados no combate a uma série de males”, afirma a neurologista Christianne Martins, do Hospital Universitário Pedro Ernesto, especializada em distúrbios do sono.

Há dois anos, a aromaterapia foi reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma “prática integrativa e complementar”, mesma categoria em que se situam a meditação, o reiki e a ioga. Passou inclusive a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde.

Agora, disparou: nunca se procurou tanta informação na internet sobre o tema ó e o carioca foi um dos mais  curiosos acerca do assunto em todo o território nacional.

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A bióloga Yara
Bueno: solução
para queda de cabelo (Léo Lemos/Veja Rio)

O princípio é de que os óleos essenciais extraídos das ervas e seus odores chegam rapidamente ao sistema límbico do cérebro, região das emoções, provocando reações fisiológicas bem-vindas. “Sua ação no corpo é muito rápida”, explica o clínico geral Mauricio Tatar, defensor há duas décadas da aromaterapia como um complemento dos tratamentos convencionais.

Pode-se ter contato com os óleos extraídos das plantas por inalação ou através da pele. “Estudos mostram que eles são eficazes no combate a inúmeros problemas, como acne, estrias, manchas, psoríase, dermatite atópica e seborreica”, lista a médica Fabiana Seidl, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Nesses casos, ela ensina, a aplicação deve ocorrer, de preferência, com a pele úmida, logo depois do banho.

A bióloga Yara Bueno, 34 anos, conta que o uso da aromaterapia a ajudou a preencher falhas no couro cabeludo que muito a afligiam. “Estou percebendo que o cabelo voltou a crescer. A diferença é notória”, celebra. Cada óleo essencial pode apresentar até 300 componentes, que atuam em diversos sistemas do corpo e trazem sensações e benefícios específicos, muitos para a mente. Os especialistas afirmam que a inalação do alecrim melhora a concentração, a de hortelã reduz a fadiga e a da laranja faz acalmar, mas o aroma que mais sensibiliza o carioca é a lavanda.

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“Ele é leve e fresco e possui propriedades relaxantes”, descreve a terapeuta floral Márcia Rissato, à frente da marca Monaís Flower (suas vendas subiram quase 40% nestes tempos pandêmicos). Ex- diretora de marketing, ela abandonou a carreira em uma multinacional há cinco anos para fabricar óleos essenciais movida pela observação da
situação do filho, que sofre de depressão ó e ficou melhor com eles (somando-se aí o tratamento tradicional).  Mesmo Márcia, uma entusiasta das ervas, faz um alerta sobre a visão distorcida que às vezes se tem delas: “Não é porque vêm da natureza que não oferecem riscos. Para um resultado seguro e eficaz, não dá para ficar se informando pelo Google”

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Lançada em agosto pela Netflix, a  série documental A Indústria da Cura se debruça sobre o fenômeno das terapias alternativas. O primeiro capítulo é dedicado à aromaterapia. O programa ressalta a miríade de marcas que vem surgindo de um dia para o outro e a vasta oferta de produtos livremente comercializados na internet, muitos acrescidos de promessas milagrosas. Daí se depreende uma dica básica e consensual: óleo bom de verdade nunca sai barato (as marcas mais conhecidas cobram a partir de 30 reais pelo vidrinho com exíguos 10 mililitros). Isso porque, para produzir 1 único litro, não raro são necessárias toneladas de uma planta.

Outro alerta diz respeito à quantidade. Uma gota desses extratos de alta concentração equivale a mais de vinte xícaras de chá da planta, daí a recomendação: use com parcimônia. A última, já diria Hipócrates lá atrás, é não fazer nada sem antes consultar um bom médico.

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