Perigo no parque

Casos frequentes de assalto no Bosque da Barra levam a administração a limitar o funcionamento no horário de verão

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 14h04 - Publicado em 30 out 2013, 20h03
Felipe Fittipaldi
Felipe Fittipaldi (Redação Veja rio/)
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Composto de 50 hectares da Mata Atlântica e vizinho do movimentado entroncamento das avenidas Ayrton Senna e das Américas, o Bosque da Barra é um oásis a céu aberto em um bairro conhecido pela quantidade de shoppings e pelo trânsito estressante. Seus jardins impecáveis, assim como os 2 quilômetros de pistas para caminhar e pedalar, são convidativos para programas em família e para a prática de esportes. No entanto, uma onda de assaltos vem amedrontando os frequentadores desse santuário ecológico. Transtorno frequente nas redondezas, os crimes contra pedestres migraram para dentro do parque a partir de agosto. Desde então, são registradas, em média, três ocorrências por semana dentro de seus limites. O modus operandi dos ladrões é semelhante. Geralmente, os assaltos são realizados entre meio-dia e 4 da tarde, horário em que o local fica mais vazio. Mesmo nos fins de semana, quando o movimento aumenta, a insegurança persiste. Em outra modalidade de crime, carros estacionados dentro do complexo ou no entorno também se tornaram alvo de arrombamento. Além de atacarem no parque, os marginais agem em frente à Cidade das Artes e nas cercanias do Condomínio Novo Leblon. A abordagem é feita a mão armada. Frequentemente, escolhem como alvo quem está fotografando o lugar, para roubar o equipamento. Foi o que aconteceu com as fotógrafas profissionais Sara Nunes e Priscila Martins. No último dia 1º, elas tiveram todo o material de trabalho levado pelos assaltantes, um prejuízo estimado em 11?000 reais. “O bandido mostrou a arma e disse que ia atirar na minha cabeça se não lhe entregasse os objetos de valor”, conta Sara. O retrato falado das vítimas aponta para dois homens. Um moreno baixo e de bigode, e o outro magro, alto e de pele clara.

A ação dos marginais é facilitada pela falta de policiamento naquela área. Para atuar na segurança do parque há apenas dois guardas municipais, que se viram obrigados a improvisar na hora de fazer a ronda. Eles dispõem de bicicletas emprestadas para percorrer uma área equivalente a cinquenta campos de futebol. Apesar de ter apenas um acesso, o Bosque da Barra exibe determinadas características favoráveis à prática de crimes. Uma delas é a vegetação densa que cobre boa parte do terreno, sob medida para alguém se esconder. A área mais erma, e arriscada, é cercada por um muro de menos de 1,80 metro de altura. Ele faz limite com a deserta Rua Rachel de Queiroz e o Aeroporto de Jacarepaguá, pontos usados como rota de fuga. Foi feito, inclusive, um buraco na murada, através do qual os bandidos alcançam a rua. Há pelo menos um mês a polícia sabe da onda de crimes. No dia 27 de setembro, a administração do parque encaminhou um ofício ao 31º Batalhão (Recreio), pedindo reforço do patrulhamento. Naquele dia, foram registradas seis ocorrências. “Nem sequer se deram ao trabalho de me responder”, lamenta Débora de Souza, responsável pela gestão do parque. Uma cabine da PM localizada em frente à Cidade das Artes poderia ser de grande utilidade. Após dois anos sem uso, ela foi reinaugurada em setembro, com a promessa de reforçar o policiamento. Na terça passada (22), porém, encontrava-se vazia. O medo da violência é tamanho que, pela primeira vez, a administração decidiu não estender o funcionamento com o horário de verão. Um texto fixado na porta avisa aos visitantes que a medida foi tomada em razão da segurança dos usuários. “É uma área de mata. Temo que, sem a ajuda da PM, um crime mais violento possa acontecer”, diz Débora.

Situado no quilômetro 6 da Avenida das Américas, o Parque Natural Municipal Bosque da Barra foi aberto em 1981. Seus limites se estendem até a Lagoa de Jacarepaguá, sendo um dos últimos trechos com vegetação de restinga remanescentes no município. Ressaltada por ambientalistas, sua importância reside também no fato de abrigar espécies como a preguiça e o jacaré-de-papo-amarelo, além de animais ameaçados de extinção, caso em que se enquadra o calango-de-cauda-verde. Ali dentro funciona o Núcleo de Educação Ambiental, onde seis biólogos trabalham em pesquisas e preservação de exemplares locais. “No quesito segurança, a situação é bem ruim. Nunca vejo patrulhamento”, destaca o administrador de empresas Guilherme Brandão, morador das redondezas. “É uma situação lamentável, porque o parque em si está impecável.” Todos nós ficamos na expectativa de que o santuário volte a ser em breve o paraíso de outrora.

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