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Atletas de alto padrão tentam manter o ritmo se exercitando em casa

Tecnologia tem desempenhado papel importante nos esportes durante a quarentena. Jogadores do Fluminense, por exemplo, treinam por videoconferência

Por Bernardo Araujo
Atualizado em 5 jun 2020, 18h12 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00

Durante o período de isolamento social, a remadora carioca Fernanda Nunes faz todo dia seu treino no jardim. Ou quase. “Na verdade, é um jardim de inverno de menos de 3 metros quadrados dentro do meu apê, em Botafogo”, diz a atleta, de 35 anos, que compete pelo Corinthians, defendeu o Brasil na Rio2016 e sonha com uma vaga na próxima Olimpíada.

Na tentativa de compor a delegação brasileira, ela vem mantendo uma intensa rotina de treinamento dentro de casa com equipamentos que pegou emprestado de amigos, entre eles um remoergômetro, aparelho que simula os movimentos da remada. “É claro que é muito melhor fazer isso na Lagoa, mas, neste momento, o mais importante é não parar. Apesar de estar isolada, tento manter a rotina”, conta a campeã brasileira e panamericana.

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A disseminação do novo coronavírus provocou um verdadeiro apagão no mundo dos esportes e levou ao adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, remarcados para julho de 2021. Trata-se de uma medida inédita. Os jogos já foram cancelados três vezes, em Berlim (1916), na própria Tóquio (1940) e em Londres (1944), por causa das guerras mundiais, mas este é o primeiro caso de adiamento – se for mantido assim.

Desta vez, a batalha contra o novo coronavírus se espraiou pelos cinco continentes e afetou a rotina de atletas do mundo todo, que tentam se adaptar sem perder o pique. No caso dos esportes coletivos, como o vôlei, a situação é ainda mais complicada, pela proximidade que normalmente exige.

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“Bato bola no playground do meu prédio todo dia, em horários alternativos, para não encontrar ninguém. Os vizinhos vão para a janela me assistir e dar força. Só tenho de tomar cuidado para não jogar a bola por cima do muro do prédio, o que, aliás, já fiz”, conta Amanda Campos, jogadora do Sesc e da seleção brasileira.

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Campeão olímpico de vôlei masculino no Rio em 2016, o ponteiro Maurício Borges nem playground tem. “Comprei umas coisinhas e treino na garagem do prédio. Vou tentando manter a forma, mas é muito diferente de um dia normal, que pode ter oito ou nove horas de treinamento”, diz.

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Outra preocupação do alagoano Maurício – de todo mundo, aliás – é não ganhar peso. “Ficando o dia inteiro em casa, as tentações aparecem”, suspira. Na área técnica, é grande a tensão com os efeitos do isolamento no condicionamento dos atletas. “Nunca passamos por uma situação como essa. O máximo que ficamos parados é um mês”, lamenta José Elias Proença, o preparador da seleção feminina.

O velejador Robert Scheidt: planos revistos para chegar a sua sétima Olimpíada (Jonne Roriz/CoB/Internet)

Assim como na maioria das áreas, a tecnologia tem desempenhado papel importante nos esportes durante a quarentena. Além da comunicação permanente, não são raros os treinos por videoconferência, com incentivos, comentários e correções dos profissionais envolvidos.

Desde o início de maio, os jogadores de futebol do Fluminense têm treinos diários, cada um em sua casa. Eventualmente, o clube faz a transmissão pelo YouTube, dando aos torcedores a oportunidade de ver jogadores como Paulo Henrique Ganso, o goleiro Muriel (irmão de Alisson, do Liverpool e da seleção) e a revelação Marcos Paulo fazendo abdominais na sala de casa, flexões na academia deserta do condomínio ou aquecendo no jardim.

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Os atletas recebem na véspera um resumo do que farão para que possam preparar o espaço e equipamentos auxiliares, muitas vezes improvisados. Marcos Seixas, preparador do Fluminense, está confiante: acredita que em duas semanas de trabalho no Centro de Treinamento a equipe ficará pronta para voltar ao campo.

O tempo é outra questão fundamental em duas frentes. Primeira: quanto tempo de treino será necessário para recuperar a forma antes das competições? Segunda: o adiamento dos Jogos de Tóquio em um ano é bom, porque permite mais treinos e aperfeiçoamento, ou é ruim, porque afeta as condições físicas (e emocionais) do atleta?

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Aos 47 anos, a caminho de sua sétima Olimpíada, o supercampeão Robert Scheidt, da vela, sabe que será necessário repensar toda a sua programação após o fim da pandemia e adaptá-la ao peso da idade. Mesmo assim, acha que os Jogos de Tóquio terão um significado especial. “Será uma celebração muito mais impactante da vida e da humanidade”, diz. Quem gosta de esportes já começou a torcer para que tudo dê certo.

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