Cidadania: Rene Silva conquista o Prêmio Cariocas do Ano

O jovem do Complexo do Alemão viu seus vizinhos sem renda e com fome, e criou um projeto que distribuiu 130 000 refeições nos meses mais críticos do ano

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 18 dez 2020, 10h24 - Publicado em 18 dez 2020, 07h00
A imagem mostra o comunicador e influenciador Rene Silva, do Voz das Comunidades
Rene Silva: 'Quando o vírus chegou ao Brasil, comecei a gritar na internet pedindo ajuda e consegui muitas doações'  (Daniel Váina/Divulgação)
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Por definição, o conceito de comunidade se refere a um grupo que desenvolve mecanismos de proteção recíproca e compartilha interesses. Aos 26 anos, Rene Silva tem essa noção desde pequeno e a exerceu com toda a potência nestes últimos tempos. Bem antes, aos 11 anos, ele criou um jornalzinho em que relatava problemas e propunha soluções para o colégio onde estudava. Era o embrião para o site Voz das Comunidades, projeto que ganharia visibilidade internacional cinco anos depois, em 2010, quando o jovem, então com 17 anos, fez uma cobertura em tempo real da cinematográfica intervenção militar no Complexo do Alemão, onde mora desde que nasceu.

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A iniciativa foi ganhando corpo, converteu-se em uma ONG respeitada e deu lugar a uma série de ações que vêm fazendo diferença à vida de milhares de habitantes de favelas cariocas, ainda mais castigadas neste 2020 pandêmico. “Quando o vírus chegou ao Brasil, comecei a gritar na internet pedindo ajuda e conseguimos reunir doações de diversas empresas”, lembra.

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Naquele mesmo mês, ele se mudou com alguns voluntários para a sede do Voz, no Alemão, para comandar um gabinete de crise ao lado de outros líderes comunitários. Só saiu dali para pegar as chaves — e ajudar nas obras da reforma — de um prédio de três andares doado pela empresária Jackie de Botton, no Morro do Vidigal, onde foi construído mais um polo da ONG. Em maio, mês de pico da Covid-19 no Rio, Rene percebeu que a fome, impiedoso efeito colateral do desemprego, também estava matando.

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“As pessoas vinham até a gente pedir 1 quilo de arroz, 1 quilo de feijão, itens muito básicos. Foi aí que me dei conta de como a situação estava realmente crítica”, recorda. “Os moradores falavam: ‘Você diz para a gente ficar em casa, mas como vamos comer sem trabalhar?’.” Surgiu aí o Prato das Comunidades, um projeto de entrega de refeições que distribuiu mais de 130 000 quentinhas entre maio e outubro, junto com outras doações. Mais de 50 000 pessoas foram beneficiadas pelo admirável motor de solidariedade capitaneado por Rene e sua turma.

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