Ciclovia Tim Maia já passou mais tempo interditada que aberta

O Rio dos cartões-postais famosos mundo afora é também o Rio do Maracanã sem administração, da Uerj à míngua e das obras malfeitas

Por Pedro Tinoco
Atualizado em 1 abr 2017, 09h00 - Publicado em 1 abr 2017, 09h00
 (Gabriel de Paiva/Agência O Globo)
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Um desses celulares onipresentes flagrou a cena breve e trágica: uma onda subiu pelas pedras, lambeu a estrutura e, quando voltou ao mar, deixou o nada. No dia 21 de abril de 2016, o efeito previsível de uma ressaca derrubou parte da Ciclovia Tim Maia, matando o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque e o gari comunitário Ronaldo Severino da Silva apenas dois meses depois da inauguração da construção, até então considerada segura e confiável pela população. A parte destruída pelo acidente, sobre o lugar conhecido como Gruta da Imprensa, ficou interditada desde aquela data e sua liberação foi condicionada pela Justiça à realização de avaliações técnicas na obra.

Na terça 28, saiu o laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), um calhamaço com 122 páginas e 169 fotografias. No trabalho de perícia, feito por uma comissão de seis integrantes nomeados pelo presidente do conselho, o engenheiro Reynaldo Barros, chegou-se à conclusão de que a estrutura deve continuar fechada para o público — em toda a sua extensão, e não só no trecho que desabou —, para que sejam providenciadas obras de recuperação emergenciais. A descrição dos problemas, muitos, é preocupante e absurda, levando-se em conta que a ciclovia custou 44,7 milhões de reais e é recente. São listados no relatório fissuras nos blocos de sustentação dos pilares, juntas de dilatação danificadas e com acabamento irregular, pontos de corrosão à vista nas vigas, ferragem exposta no concreto do piso e muros de contenção estragados, entre outros itens críticos. Os especialistas consultados recomendam que a área siga fechada até agosto, para evitar o período em que o mar fica mais agitado, e só volte a ser utilizada após a execução das intervenções necessárias e uma nova avaliação. “A obra teve uma execução malfeita”, afirmou o presidente do Crea-RJ.

 

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