Doutor Mão Leve

O cirurgião plástico Carlos Fernando Gomes de Almeida é o novo queridinho das celebridades

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 13h58 - Publicado em 26 jun 2013, 17h38
Fernando Lemos
Fernando Lemos (Redação Veja rio/)
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Ele mora sozinho em um belo apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, adora viajar, escreve poesia e ganhou o status de um dos homens mais cobiçados pelas mulheres cariocas. Não exatamente por causa da conta bancária, dos carimbos no passaporte ou da habilidade com as rimas. Aos 55 anos, homossexual assumido, Carlos Fernando Gomes de Almeida tornou-se o cirurgião plástico preferido das dondocas e celebridades no eixo Rio-São Paulo, sem contar as estrelas internacionais. Discreto, ele é avesso à divulgação de nomes, mas sabe-se que Vera Fischer, Patrícia Pillar, Gloria Pires e Preta Gil são algumas das famosas que já passaram pelo bisturi do médico niteroiense. Letícia Spiller, 40 anos, foi a última a se render: no fim de maio colocou próteses de silicone e deu uma leve esticadinha no rosto. “Eu quis saber quem tinha sido o cirurgião que operou algumas atrizes e amigas, pois achei de uma delicadeza sem igual. Fiquei muito feliz com o resultado”, diz. Entre os pacientes lá de fora figuram o estilista Valentino e a cantora Madonna. Em uma de suas vindas ao Brasil, aliás, a rainha do pop foi flagrada, de madrugada, indo às escondidas ao seu consultório, localizado em um casarão na Lagoa. “Sou um ótimo profissional, mas existem vários outros por aí. A diferença é que, graças à minha condição socioeconômica, sempre operei pessoas que estão mais em evidência, e não a mulher do dono da padaria”, resume o Doutor Mão Leve, apelido que ganhou por causa dos resultados sutis e quase imperceptíveis de suas intervenções. “Tenho horror ao exagero. Se acho que vai ficar ruim, não faço. Mando procurar outra pessoa para operar”, confidencia ele.

Boa parte do sucesso conquistado por Gomes de Almeida, que opera cerca de quinze pessoas por mês e ainda tem uma clínica para atender em São Paulo, nos Jardins, se deve justamente à habilidade com o implante de silicone e à técnica de lifting facial, que aprimorou ao longo dos 27 anos de profissão. Uma ajudinha divina, ele faz questão de dizer, também é sempre bem-vinda. Devoto de São Jorge, o cirurgião é um homem de fé e de muitas superstições. Tem o consultório repleto de imagens do santo, pelo menos cinco, mas simpatiza com outras figuras religiosas. “Li­dar com a possibilidade de alegria ou frustração do paciente é uma responsabilidade muito grande. Rezo sempre antes, durante e depois de cada cirurgia. Afinal, eu restauro o que Deus criou”, diz enquanto segura um terço de Santo Antônio enrolado em uma das mãos e um cigarro aceso na outra. Em todas as operações que faz também o acompanham alguns amuletos. Mas caridade não faz parte do pacote. O preço de qualquer intervenção é de no mínimo 50?000 reais, sem direito a descontos ou cortesias, mesmo para as clientes famosas.

Além da destreza com o bisturi, cobrir os pacientes de atenção ajuda na sua reputação. “Um bom cirurgião é aquele que, acima de tudo, é um ser humano. Não basta a formação técnica de excelência. É preciso ter generosidade de espírito, algo que prego para todos os meus alunos. O Carlos é um deles, sempre muito preocupado em se doar ao próximo”, ratifica o professor Ivo Pitanguy, de quem o Mão Leve foi discípulo de 1984 a 1987, enquanto cursava pós-graduação. Quando colocou próteses de silicone nos seios da empresária Flora Gil, mulher do então ministro da Cultura Gilberto Gil, o médico foi pessoalmente a Salvador acompanhar seu pós-operatório. No ano passado, correu ao apartamento da atriz Patrícia Pillar, no Leblon, às pressas, para socorrê-la do ataque que sofreu do próprio cão, no rosto. Após o pronto-atendimento, levou-a para a Clínica São Vicente, na Gávea, onde foi submetida a uma operação reparadora de emergência. A cada intervenção, Gomes de Almeida se refugia durante seis ou sete horas seguidas em casa, de onde monitora toda a evolução do quadro. Segundo ele, 50% da fama que carrega vem da relação que estabelece com os clientes. “Temos de ir além das aparências para enxergar a alma de cada pessoa. Corto o corpo para que ele passe a combinar com a fantasia que existe dentro da cabeça das pessoas”, filosofa. “Às vezes até eu mesmo fico bobo com a beleza do resultado”. Sua clientela muitas vezes também.

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