Com Tati Quebra-Barraco, Lucky Ladies é sucesso na TV e na internet

Reality show com cinco funkeiras gravado em Copacabana vira fenômeno de audiência e assunto nas redes sociais

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 5 dez 2016, 12h03 - Publicado em 18 jul 2015, 01h00
Tati Quebra Barraco
Tati Quebra Barraco (Felipe Fittipaldi/)
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É um fato, basta zapear: tem reality show de todo tipo na programação de TV. Entre cozinheiros, loucos por carros e candidatos a virar comida de tubarão (na produção americana The Raft, os participantes passam uma semana em alto-mar, dentro de um bote, sem comida nem água potável), um projeto carioca vem fazendo barulho. Em cartaz no canal pago Fox Life, Lucky Ladies é coisa nossa. Gira em torno do batidão do funk. Na estreia, no dia 25 de maio, arrebanhou 1 milhão de espectadores e bateu no topo dos trending topics, os assuntos mais comentados do Twitter. De lá para cá, o espetáculo de evasão de privacidade, temperado pelas tiradas de suas participantes (veja o quadro ao lado), estourou nas redes sociais, emprestando fama súbita a Karol Ka, Mary Silvestre, MC Carol, MC Sabrina e Mulher Filé. Ao longo dos episódios, gravados no fim do ano passado em uma cinematográfica cobertura de Copacabana, o quinteto de candidatas a estrelas do funk é orientado por uma diva do gênero. Tati Quebra-Barraco, dona de sucessos dos anos 90 e 2000, como Sou Feia, Mas Tô na Moda e Boladona, divide a função de mentora das meninas com o produtor musical Rafael Ramos — mas quem já assistiu ao programa logo nota que o sucesso é todo delas. 

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No YouTube, o episódio inicial ultrapassou as 235.000 visualizações. A audiência do programa, que ocupa doze noites de segunda-feira até 10 de agosto, é quatro vezes maior do que a média do canal. Essa repercussão se reflete na vida das participantes. No dia seguinte ao da estreia, Mary Silvestre, ex-capa da Playboy e miss São Paulo em 2011, conquistou 5.000 seguidores nas redes sociais. Modelo que pretende se reinventar como cantora de funk, ela ganhou, antes, uma oportunidade como atriz. Gravou uma participação em Dois Irmãos, série da TV Globo, ainda inédita. Outra revelação de Lucky Ladies é MC Carol, criada no Morro do Preventório, em Niterói. A intérprete de pérolas como Meu Namorado É Maior Otário destaca-se pelo jeito espontâneo e pela imbatível autoestima. Ronca, exibe generosos quilos a mais e sente-se tremendamente sexy. Em um dos episódios, protagonizou cenas tórridas com o namorado, durante uma visita dele às gravações. Depois de dar as caras na TV, seu cachê subiu de 500 reais para até 5.000 reais e a agenda passou a incluir palcos mais nobres, a exemplo da boate Fosfobox e da Fundição Progresso. Yani de Simone, a Mulher Filé, tem mais currículo, digamos assim. Ex-dançarina do astro funk Mr. Catra, ela já participou de outro reality show, A Fazenda, e se notabilizou por talentos singulares, como a “dança do pisca bumbum”. MC Sabrina, com sua voz potente e experiência de mais de dez anos no ramo, e Karol Ka, ex-cantora gospel e um tanto patricinha, contribuem para adensar a trama como personagens antagônicas.

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No papel de um Pedro Bial de minissaia, Tati Quebra-Barraco, a comandante desse Big Brother do funk, também comemora a agenda lotada. Formato reproduzido mundo afora, Lucky Ladies foi gravado na Itália com ricaças de Nápoles e, em edição para a América Latina, reuniu esposas de astros do rock. Por aqui, a aposta nas meninas revelou-se um acerto. “Nós sabíamos que o público as amaria desde o começo”, diz Edgar Spielmann, chefe de operações da Fox na América Latina. Tem quem não goste de funk. Outros não conseguem enxergar a graça de versos como “meu namorado é maior otário/ele lava minhas calcinha (sic)/se ele fica cheio de marra eu mando ele pra cozinha”, do hit de MC Carol. Para esses, o sucesso do programa é mesmo duro de engolir. Ignorar o fenômeno já é mais difícil. Cor­re-se o risco de repetir o erro cometido por muita gente na recente morte de um astro de outra seara, o sertanejo. A impressão em alguns círculos era que ninguém conhecia o cantor antes de seu acidente fatal, em junho. Uma manchete do jornal El País chamou atenção para a distorção, com uma pitada de ironia: “Cristiano Araújo, o cantor que ninguém conhecia, exceto milhões”.

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