Contenção de encostas, drenagem e reflorestamento reduzem áreas de risco

Engenheiros enfatizam que avanços urbanos dependem de diagnósticos precisos, a partir dos quais podem ser desenvolvidas soluções adequadas

Por Gabriella Mariana e Manoelle Monteiro
11 jul 2024, 17h50
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Obra no Maciço da Tijuca: menos áreas de risco após ação da Geo-Rio (./Divulgação)
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Fenômenos climáticos extremos, cada vez mais comuns, reforçam a necessidade de reduzir as moradias em áreas de risco. Na capital fluminense maior parte delas concentra-se sobre o Maciço da Tijuca, o maior da cidade, ocupando o equivalente a dez Maracanãs.

Embora ainda expressiva, a extensão dessas áreas caiu pela metade em 14 anos, como constata um levantamento da Fundação Instituto Geotécnica do Município do Rio (Geo-Rio).

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Decorrente de 4.600 vistorias e 166 obras nos últimos três anos, o recuo contempla 1,5 milhão de moradores. Fora o Maciço da Tijuca, engenheiros e geólogos da Geo-Rio vistoriam, prioritariamente, áreas de risco na Serra da Misericórdia, entre as Baixadas de Inhaúma e Irajá, na Zona Norte, e regiões com favelas.

“A gestão de risco é uma prioridade. Um dos pilares desse processo é o mapeamento que identifica áreas de alto, médio e baixo risco”, ressalta o presidente da Geo-Rio, Anderson Marins. Com base em dados geológicos e geomorfológicos, explica ele, são elaborados mapas e inventários de risco.

O órgão fundamenta soluções adequadas a condições ou circunstâncias urbanas específicas, envolvendo estabilização de encostas, drenagem, reflorestamento, entre outras medidas. Ainda segundo Marins, a solução derivada do mapa de risco é detalhada em um projeto técnico que vem acompanhado de um orçamento das intervenções.

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Boa parte dos serviços envolve a cooperação de órgãos como Rioluz, Defesa Civil, Rio-Águas e Secretaria de Infraestrutura. Tal conjugação é empregada, por exemplo, no programa Bairro Maravilha, destinado a urbanizar locais sem infraestrutura.

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Em Campo Grande, a implantação de saneamento básico em vinte ruas incluiu galerias pluviais para a drenagem de água da chuva, redes de água potável e esgoto sanitário. Os serviços consumiram 20,7 milhões de reais dos cofres municipais.

Engenheiros enfatizam que avanços urbanos dependem de diagnósticos precisos, a partir dos quais podem ser desenvolvidas soluções compatíveis com características e prioridades locais. O princípio aplica-se à redução das áreas de risco.

Com base em avaliações técnicas, a Rio-Urbe deslocou famílias residentes no Caju, na Zona Portuária, sistematicamente castigada por chuvas fortes, para a Comunidade do Aço, em Santa Cruz. O reassentamento está associado à construção de 704 unidades habitacionais e de estrutura sanitária.

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Moradora da comunidade desde os 10 anos de idade, Marta Corrêa conta, aos 70, que o lugar em que vivia antes de ser reassentada tinha casas sem janelas e esgoto a céu aberto. Ela sentia vergonha de receber visitas, lembra. “Finalmente estamos vendo transformação. Agora posso chamar minha família e meus amigos para virem me visitar”, desabafa, aliviada.

Invariavelmente complexos, reassentamentos integram os planos do governo municipal para diminuir riscos habitacionais. Dirigem-se, sobretudo, às áreas mais críticas mapeadas pelo Geo-Rio.

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Igualmente estratégicas são as contenções de encostas e os serviços para prevenir inundações. Às obras de infraestrutura, somam-se medidas preventivas e educativas voltadas a mitigar ameaças relacionadas a tempestades e deslizamentos. Delas fazem parte programas de educação ambiental em escolas, simulados de evacuação em comunidades de alto risco, organizados pela Defesa Civil, e instalação de sirenes de alerta.

Integrado a 33 estações pluviométricas espalhadas pela cidade, o sistema de monitoramento do Rio reúne radares, câmeras de vigilância e drones. Ao detectar condições meteorológicas severas, alertas sonoros são disparados para que a população deixe as casas sob risco de deslizamento, desabamento e enchente.
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Este conteúdo integra o conjunto de repórtagens em texto, áudio e vídeo feitas por estudantes de Jornalismo da PUC-Rio, sob orientação dos professores Adriana Ferreira, Alexandre Carauta, Chico Otavio, Creso Soares Jr., Giovanni Faria e Luís Nachbin.

A edição do site de VEJA Rio é de Marcela Capobianco.

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