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Coronavírus: ‘Cercadinho nas praias virou piada’, diz ex-ministro da Saúde

José Temporão alerta que distanciamento nos 'quadrantes' não será suficiente; Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ, também faz ressalvas ao projeto

Por Cleo Guimarães
13 ago 2020, 12h17
Exemplo francês: prefeito Marcelo Crivella diz ter se inspirado na experiência dos cercadinhos montados em balneários europeus (Clemente Mahoudeau/AFP)
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Apontada pelo prefeito Marcelo Crivella como a solução imediata para o problema de aglomeração nas praias, a iniciativa de criar “quadrantes” na areia para a ocupação de até cinco pessoas encontra resistência não só nas redes sociais – os quadrados e a forma como eles serão ocupados viraram meme – mas também entre a comunidade científica.  “Esses cercadinhos já viraram piada, não creio que vá funcionar”, afirma o médico sanitarista e ex-ministro da Saúde José Temporão. Ele vê “com pessimismo” a proposta de Crivella. “Teríamos que dispor de bom senso, educação e compromisso público dos frequentadores. Isso não aconteceu até o momento”.

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Os cercadinhos que serão montados nas areias terão seis metros quadrados e poderão receber até cinco banhistas, conforme VEJA RIO antecipou, leia aqui: Coronavírus: loteamento da praia deve ser feito por ‘sócio’ da prefeitura . Caso se confirme essa metragem, o distanciamento mínimo de dois metros entre seus ocupantes, um dos primeiros mandamentos do protocolo sanitário, não será respeitado. Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ, chama atenção para um detalhe: “Para que essa distância fosse seguida à risca, teria que ficar uma pessoa em cada cantinho do quadrilátero, e mais uma bem no centro. Vão fazer isso? Não vão”.

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A fiscalização na ocupação dos quadrantes é outra questão. Temporão prevê “conflitos e confusão” no acesso às áreas demarcadas. “Quem vai controlar? Não conseguiram fiscalizar nada nas praias até agora.” Medronho concorda com o ex-ministro. “Da maneira como está sendo programada, essa reabertura vai ser um convite à aglomeração”, afirma o epidemiologista.

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Para ele, faria sentido se o quadrante fosse ocupado somente por integrantes da mesma família, acostumados à convivência em espaços fechados. “Mas é claro que não é isso que vai acontecer. As pessoas vão à praia também para encontrar os amigos, socializar. Fora que ninguém vai usar máscara, para não ficar com o rosto bicolor, uma parte bronzeada e a outra, não.”

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A prefeitura aguarda um parecer da Procuradoria-Geral do Município para baixar o decreto que vai regulamentar a iniciativa. A expectativa é publicá-lo nesta sexta (14), para botar em prática o loteamento das areias no sábado (15). O projeto piloto será em Copacabana. A praia será dividida em 260 quadras, cada uma com cinco retângulos de seis metros quadrados, o que dará um total de 1,3 mil “cercadinhos”.

 

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