Coronavírus: ‘Fechem as praias no fim de semana urgente’, pede médico

Ex-integrante do comitê científico, epidemiologista Roberto Medronho afirma que fim do isolamento começou cedo demais e que o Rio colhe os frutos deste erro

Por Cleo Guimarães
9 set 2020, 12h45
Defensor da cidade
Roberto Medronho: "As crianças das escolas públicas vêm sendo recrutadas pelo tráfico, e muitas delas também estão sofrendo abuso físico e sexual" (Redação Veja Rio/Reprodução)
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As cenas de aglomeração nas praias, bares e pontos turísticos da cidade durante o feriado da Independência fizeram com que a Prefeitura começasse a estudar a possibilidade de recuar em algumas medidas de flexibilização. Restringir o estacionamento na orla e reduzir o horário de funcionamento de bares são algumas das decisões que estão sendo avaliadas pela Secretaria de Saúde. “É pouco. Insuficiente”, afirma o epidemiologista Roberto Medronho, ex-integrante do comitê científico do Governo do Estado. Medronho conversou com VEJA RIO:

Coronavírus: Rio tem aglomeração em praias – e isso não surpreende ninguém

A Prefeitura errou na flexibilização das medidas de isolamento? O processo de flexibilização começou antes do que deveria. Foi logo na primeira semana de junho, não era a hora ainda, a doença ainda estava num patamar muito elevado. A prefeitura também desativou leitos cedo demais, impactando e lotando os que ainda funcionam.

Covid-19: Rio atinge o total de 16 646 óbitos pela doença

Acha que já estamos na segunda onda de coronavírus, como em Madri? Na verdade, a primeira onda ainda não passou aqui no Rio. Estamos nela – tanto na cidade como no estado. Se tivéssemos cumprido à risca os protocolos, estaríamos com número muito mais baixo de casos, isso é óbvio. Em Madri, a curva estava lá embaixo, aí chegou o verão e os jovens foram curtir a vida: lotaram bares, fizeram festas. Veio a segunda onda. Isso pode acontecer aqui também, o verão é daqui a pouco.

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Coronavírus: festa de samba tem aglomeração e PM precisa intervir

Quais seriam as medidas a ser tomadas agora? Restringir o horário dos bares e as vagas na orla ajuda, mas é muito pouco. Insuficiente. Nos finais de semana e feriados, tem que interditar a areia toda. Sem pena. Bota cone, que facilita a fiscalização, e fecha tudo. Nas aglomerações que vimos, sem distanciamento ou máscara, uma única pessoa infectada pode transmitir o vírus para todas as outras à sua volta. É perigosíssimo.

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Praia do Leblon: aglomeração sem máscara representa sérios riscos de infecção, diz Medronho (Veja Rio/Reprodução)
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E os calçadões? Se fechar a areia, o calçadão vai lotar. Que multem peremptoriamente quem estiver sem máscara. Sem papo. Sem desculpa. E não deixe aglomerar. Quer caminhar no calçadão? Ok. É ao ar livre, menos mal. Mas tem que estar de máscara e respeitar o distanciamento.

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O que mais pode ser feito para evitar a propagação do vírus? Importantíssimo penalizar donos de bares que permitirem aglomeração à sua porta. É na frente do estabelecimento, responsabilidade deles. E o transporte público não pode lotar. As pessoas aglomeram, em dias úteis, porque estão indo trabalhar. Elas não têm escolha. Então o governo tem que olhar o todo e encontrar uma forma de subsidiar as empresas de transporte. Elas precisam restringir a lotação, mas não podem falir. É uma questão que tem que ser discutida logo.

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