Crivella omite Igreja Universal de biografia

O senador afastou a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de sua biografia, mas a Universal não se afastou do PRB, partido do candidato

Por Agência Estado
Atualizado em 5 dez 2016, 11h01 - Publicado em 7 out 2016, 13h51
Crivella
Crivella (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Mais votado na disputa pela Prefeitura do Rio no primeiro turno, o senador Marcelo Crivella afastou a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de sua biografia, mas a Universal não se afastou do PRB, partido do candidato. Os três vereadores eleitos este ano, três dos quatro deputados estaduais e os dois deputados federais do PRB-RJ são da Universal. E também o presidente regional do partido e presidente nacional interino, Eduardo Lopes, suplente de Crivella no Senado.

Crivella disputa o segundo turno com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que defende na campanha o Estado laico, o direito das mulheres à opção pelo aborto e a inclusão de casais do mesmo sexo no conceito de família, pontos que têm a discordância do candidato do PRB.

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Acusado pelos adversários de misturar política e religião, Crivella omitiu no site da campanha o fato de ser fiel e bispo licenciado da Universal. Nem na seção “verdades x mentiras”, em que responde à pergunta “Edir Macedo vai controlar a cidade?” o candidato menciona a Igreja. O texto diz apenas que Crivella “nunca sofreu nenhum tipo de influência de grupos ou líderes religiosos”.

Edir Macedo, tio de Crivella, é fundador e maior líder da Universal. No primeiro turno, o candidato do PMDB, Pedro Paulo, e seu padrinho político, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), insistiam que, se eleito, Crivella será “empregado” de Macedo. Pedro Paulo foi derrotado no primeiro turno e está fora da disputa.”Na sociedade há várias opções de religiões e o Crivella está concorrendo a prefeito da cidade, não a ser autoridade religiosa do Rio de Janeiro”, disse o presidente do partido, suplente de Crivella no Senado e substituto do candidato do PRB no Ministério da Pesca, depois que o senador retornou ao Congresso, em 2014, e disputou o governo do Estado.”Quem mistura política com religião não é o Crivella, mas os adversários, pois são os que insistem nesta questão”, afirma Eduardo Lopes, que já presidiu o jornal Folha Universal e a editora Gráfica Universal e também comandou a Associação Beneficente Cristã (ABC).

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Lopes não vê problema no fato de Crivella não mencionar a Universal em sua biografia. “Os outros candidatos mencionam suas religiões em seus perfis? Por que só Crivella deveria mencionar?”‘Carimbo’Para o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), a estratégia de omitir a Universal da campanha não tira do candidato do PRB o “carimbo” da Igreja. “Ele diz que foi motorista de táxi, engenheiro, missionário, menos bispo de Igreja Universal. Mas ele veio (para a política) com a marca da Universal, foi eleito direto senador”, diz Chico.

Na Câmara Municipal, já eram vereadores do PRB Tânia Bastos, que em sua biografia no site do Legislativo não menciona a Igreja Universal, e João Mendes de Jesus, que, ao contrário, relata em detalhes de sua trajetória na Igreja como bispo e pastor, desde 1996. No domingo, 2, foi eleito Bispo Inaldo Silva – que, na Universal, exerce a missão de pregar em diferentes denominações evangélicas.”Convidei várias pessoas, independentes de religião, para virem para o PRB e se candidatarem, inclusive a Verônica Costa. O mais importante não é a religião, é a liderança”, diz Tânia, presidente do PRB municipal.

Apesar do convite, a vereadora Verônica Costa, funkeira conhecida como Mãe Loura, decidiu continuar no PMDB e foi reeleita. Na Assembleia Legislativa, só não é fiel da Igreja o deputado Wagner Montes, que este ano trocou o PSD pelo PRB. Montes é apresentador contratado da TV Record, a emissora da Igreja Universal. Na Câmara dos Deputados, são do PRB-RJ e da Universal os deputados Roberto Sales e Rosângela Gomes, candidata derrotada à prefeitura de Nova Iguaçu. Questionado sobre a presença significativa de integrantes na Universal entre os políticos com mandato do PRB, Eduardo Lopes responde: “O Poder Legislativo representa segmentos da sociedade. A força da Igreja é evidente no Legislativo. Isso ocorre pela confiança e credibilidade que as pessoas depositam nos representantes, o que não ocorre no Poder Executivo, em que a eleição é majoritária, o eleito precisa da maioria absoluta dos votos”.”Não há interferência da Igreja Universal no PRB. As decisões são tomadas pela executiva formada por pessoas de diferentes segmentos da sociedade”, finaliza.

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