Delegacias do Rio registram, em média 16 casos de desaparecimento por dia

Apenas 10% dos registros se transformam, efetivamente, em inquéritos na Polícia Civil. Banco de dados do Ministério Público acompanha 24000 casos

Por Da Redação
Atualizado em 2 jul 2024, 12h37 - Publicado em 2 jul 2024, 12h28
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Luciene Pimenta Torres: há quase 15 anos sem pistas sobre a filha, desaparecida aos 8 anos de idade (Reprodução/TV Globo)
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Um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostrou que, nos primeiros meses de 2024, 2.533 famílias registraram o desaparecimento de algum parente em delegacias do estado do Rio. Na média, são 16 desaparecimentos a cada dia.

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A falta de um banco que integre dados da polícia, dos hospitais e do IML dificulta a eficiência das buscas, aumentando a agonia de pais, mães e amigos de quem, do dia para a noite, sumiu.

“É a mesma história, só muda a idade, só muda a cor, o bairro, mas as histórias são sempre as mesmas: mau atendimento na delegacia, abandono do poder público e por aí vai”, desabafou a presidente da ONG Mães Virtuosas do Brasil, Luciene Pimenta Torres, à TV Globo.

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Ela procura a filha, Luciane, há 14 anos. À época, a jovem tinha 8 anos de idade quando desapareceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no caminho para a padaria. “O delegado me mandava ir atrás das pistas. O descaso fica muito claro”, diz Luciene. O caso acabou sendo arquivado.

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O desaparecimento não é um crime, e sim um fato atípico. Por isso mesmo, muitas vezes, é negligenciado nas delegacias, segundo as famílias. Apenas 10% dos registros se transformam, efetivamente, em inquéritos na Polícia Civil.

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O Ministério Público do Rio de Janeiro lançou, em 2012, um banco de dados mais completo sobre pessoas desaparecidas no estado. O Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), pioneiro, conta com 36000 casos — 24000 ainda são acompanhados pelo órgão, em busca de uma solução definitiva.

“Cerca de 43% dos casos solucionados contaram com uma atuação efetiva do Plid para que a localização do desaparecido acontecesse”, explica a promotora Roberta Rosa Ribeiro.

O Plid não é só um banco de dados. O esforço é articular uma rede de instituições comprometidas em detectar casos suspeitos de desaparecimentos. A ideia central é não depender apenas do registro e da investigação policial.

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De 2020 para cá, 11% das pessoas desaparecidas no estado do Rio foram localizadas pelos hospitais.

A Delegacia de Descoberta de Paradeiros na capital (DDPA) foi criada em 2014 e, dez anos depois, é a única delegacia especializada no estado.

De janeiro de 2023 a abril de 2024, entre as cinco delegacias com maior número de registros de desaparecimentos no estado, quatro estão fora da capital. Ficam na Baixada, onde as investigações ficam a cargo das delegacias de homicídios.

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Em nota à TV Globo, a Polícia Civil informou que todos os casos registrados são investigados e que 95% dos desaparecidos na Região Metropolitana do Rio em 2024 foram encontrados.

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