Dez fatores que ajudaram a implodir a candidatura de Pedro Paulo

Dos escândalos envolvendo o candidato  às declarações equivocadas do prefeito, confira os erros que frustraram os planos de Eduardo Paes de fazer seu sucessor

Por Fernanda Thedim
Atualizado em 5 dez 2016, 11h02 - Publicado em 2 out 2016, 20h56
Eduardo Paes, Pedro Paulo e a candidata a vice Cidinha Campos na escola onde o candidato do PMDB votou, na Zona Oeste
Eduardo Paes, Pedro Paulo e a candidata a vice Cidinha Campos na escola onde o candidato do PMDB votou, na Zona Oeste (daniela pessoa/)
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É consenso entre os cariocas que, há décadas o Rio não experimentava tamanha transformação como a vista nos últimos oito anos. Da mesma forma, a realização das Olimpíadas que consumiu 39 bilhoes de reais entre recursos públicos e privados, foi um sucesso. Entretanto, o resultado das urnas eletrônicas contabilizado no início da noite de domingo colocou por terra os planos do prefeito Eduardo Paes, principal artíficie de todas essas mudanças, fazer como sucessor seu amigo e ex-secretário, Pedro Paulo de Carvalho. Confira abaixo dez percalços que Paes e seu escolhido enfrentaram nos últimos dois anos e que contribuiram para o  desgaste da imagem de ambos e, em última análise, para o desastre na votação com a ida de Marcelo Freixo (PSOL) para o segundo turno contra Marcelo Crivella (PRB). 

1. A denúncia de agressão

Em 16 de outubro de 2015, uma reportagem de VEJA.COM trouxe a público a denúncia registrada cinco anos antes de que o candidato havia agredido violentamente sua ex-mulher, Alexandra Marcondes Teixeira. Em meio a uma briga, ele teria reagido com chutes e socos, que causaram hematomas e quebraram um dente, como mostrava o laudo de corpo e delito. Em agosto, o ministro Luiz Fux, do STF, inocentou Pedro Paulo e arquivou o processo depois de Alexandra voltar atrás na denúncia.

2. O efeito Maricá

Um telefonema grampeado pela Operação Lava Jato acabou em tremenda confusão para o prefeito Eduardo Paes, em março. Em ligação para o ex-presidente Lula,Paes abusava nos palavrões e fez ironias ao humor da presidente Dilma Rousseff e do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Também não escondeu a preferência pelos seus respectivos antecessores, Lula e Sérgio Cabral e ainda tripudiou o município fluminense de  Maricá chamando a cidade de “uma merda de lugar”, quando brincava que Lula tinha “alma de pobre”.

3.“Carioquice” em excesso

Após a revelação da conversa telefônica com o ex-presidente, o prefeito tentou consertar o erro e desculpou-se. Afirmou que seus comentários foram “de extremo mau gosto e geraram arrependimento e vergonha”. Mas escorregou mais uma vez nas próprias palavras ao ressaltar o que seria um traço pouco louvável de seus conterrâneos: “Sou carioca em excesso, falo sempre muito à vontade”.

4. A culpa foi da onda

Com o prefeito na Europa para acompanhar a cerimônia de acendimento da tocha olímpica, no dia 21 de abril, Pedro Paulo entrou em campo para explicar o desabamento de um trecho da ciclovia de São Conrado, que causou a morte de duas pessoas. “O acidente a princípio foi fruto de uma ressaca forte. Foi uma onda que pegou de baixo para cima da pista e houve o desastre”, disse, atribuindo à natureza e não à inepcia dos construtores da obra de 35 milhoes de reais a responsabilidade pela tragédia ocorrida apenas três meses depois da inauguração da pista suspensa.

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5. A teimosia do prefeito

Apesar da avalanche de críticas,das denúncias de agressão contra Pedro Paulo e da falta de apoio de seu partido, o PMDB, que tentou convencê-lo a trocar de candidato, Eduardo Paes insistiu na candidatura de seu ex-secretário. “Quero alguém que tenha a mesma sensibilidade política”, disse, em entrevista à VEJA. “A população vai ter que escolher: ela quer o bispo Crivella, representante do bispo Macedo aqui,ou um gestor feito o Pedro Paulo?”

6. Ligações perigosas

Em junho revelou-se que o personal trainer Marcello Barbosa, candidato a vereador pelo DEM, subsecretário de Esporte da prefeitura e amigo de Pedro Paulo também foi acusado de agredir a ex-mulher. Ele havia deixado o cargo  em abril para, a partir de então, dedicar-se integralmente à candidatura. Com duas ocorrência registradas por Monica Azaritti, sua ex-mulher, ele foi impedido de se aproximar dela pela Justiça.

7. Críticas ao governo estadual

Às vésperas da Olimpíada, em julho, o clima de insegurança na cidade irritou o ex-prefeito , levando-o a atacar o  governo estadual, comandado pelo vice-governador Francisco Dornelles.“Atrapalha demais esse chororô. Agora está na hora de trabalhar”, disse, sobre a crise financeira no estado; “Falta comando”, ao falar sobre o roubo do equipamentos de alemães que vieram cobrir os Jogos; “Está na hora de prestar serviço e atender à população”, ao lembrar que o estado não conseguiu cumprir as promessas de despoluir a Baía da Guanabara e a Lagoa do Jacarepaguá.

8. A crise de segurança

A um mês da Olimpíada, Paes foi enfático ao classificar a segurança do Rio de Janeiro: “terrível, horrível”. Subindo o tom novamente contra o governo do Estado e pela primeira vez colocando em xeque o sucesso dos jogos em meio à  crise que engolfava a cidade a cidade. A repercussão foi imediata. Após a entrevista para a rede de TV CNN, um lote de 20 000 ingressos para os jogos, comprados nos Estados Unidos, foi devolvido.

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9. O nocaute do canguru

Assim que chegaram à Vila dos Atletas, os australianos deixaram o local, reclamando das condições  dos quartos. Paes convocou uma força-tarefa, não sem antes soltar mais uma de suas infelizes piadinhas: “Estou quase botando um canguru na frente do prédio deles, para ficar pulando e eles se sentirem em casa”, disse a respeito da deferência com que pretendia tratar a delegação da Oceania. O diretor de comunicação do comitê olímpico australiano rebateu: “Não precisamos de cangurus, mas de encanadores.” 

10. Grosseria no conjunto habitacional

“Vai trepar muito”. Essa frase grosseira e de extremo mau gosto foi disparada por  Eduardo Paes para uma moradora de um conjunto habitacional ao mostrar a ela o quarto de seu novo apartamento. A cena faz parte de um vídeo de maio de 2015 mas veiculado na internet em agosto. Ao lado de Paes, rindo da piada está seu  candidato à sucessão, Pedro Paulo. A “brincadeira” continuou: “Vai trazer muito namorado para cá. Rita, faz muito sexo aqui”. Sem perder o embalo, o ex-prefeito ainda falou para a pequena multidão que estava no local: “Ela disse que vai fazer muito canguru perneta aqui. Tá liberado…a senha primeiro”, disse.

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