Dois terços das mulheres no Rio sofreram algum tipo de violência obstétrica
O toque vaginal inadequado foi o tipo de violência mais comum, citado por 46% das entrevistadas
A segunda edição da pesquisa Nascer no Brasil, lançada nesta quarta (3) pela Fiocruz, com dados inéditos sobre gestação, parto e nascimento no Rio, identificou que aproximadamente dois terços das 1.923 entrevistadas sofreram algum tipo de violência obstétrica durante o parto. A apuração foi feita com mulheres internadas em 29 maternidades, públicas, privadas e mistas, de todas as regiões do estado, entre 2021 e 2023.
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O toque vaginal inadequado foi o tipo de violência mais comum, citado por 46% das entrevistadas. Relatos de negligência, mencionados por 31% e abuso psicológico, por 22%, vieram na sequência. A maior parte das vítimas de toque vaginal inadequado tem noção de que é errado, sem explicação ou consentimento. A negligência costuma estar associada a longas esperas por atendimento e à sensação de serem ignoradas pela equipe hospitalar. O elevado número de mulheres que são repreendidas ou que vivenciam alguma inadequação profissional entra na categoria abuso psicológico.
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Entre as mulheres atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS), 80% tiveram acompanhante em tempo integral. O índice foi de 98% na rede privada. Mais da metade das entrevistadas entrou em trabalho de parto e 46% delas teve parto natural.
Em relação à primeira edição da pesquisa Nascer no Brasil, foi identificada uma redução de intervenções no parto, inclusive no uso de medicamentos para acelerar o processo.
“Os resultados demonstram o aprendizado das equipes de saúde, adotando novo manejo da atenção ao trabalho de parto e parto no estado”, celebraram, em nota, as coordenadoras da pesquisa.