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Minha casa, meu trabalho: empresas e funcionários se rendem ao home office

O home office adotado às pressas durante a pandemia se consolida como uma atraente opção para empregados e empregadores

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 17 jul 2020, 21h39 - Publicado em 17 jul 2020, 06h00

Debruçada sobre a Praia de Botafogo, a sede da Coca-Cola anda vazia desde 16 de março. Foi quando a empresa determinou que os cerca de 600 funcionários passariam a trabalhar em sistema remoto, de casa. Mesmo com o relaxamento da quarentena no Rio, ficou definido que a turma toda vai permanecer em home office até o fim de 2020.

Muitas outras companhias com base carioca já avisaram que vão seguir nessa direção, como o grupo francês PSA e a financeira XP. Voltar ao escritório, só a partir de janeiro, e a depender do caminhar da pandemia. “Os líderes perderam a resistência que existia porque o modelo on-line se mostrou realmente eficiente”, afirma Rachel Nascimento, gerente de recursos humanos da Shell.

O saldo positivo do sacolejo no mundo do trabalho, desencadeado pela crise sanitária, fez gigantes como Twitter e Facebook irem ainda mais longe: a distância pode se transformar na regra para aqueles funcionários que assim preferirem.

Houve, como esperado, um grande esforço de adaptação por parte de todos para implantar o esquema remoto de uma hora para outra. Empresas chegaram a dar uma mãozinha a seus empregados na hora de converterem cômodos de suas casas em escritórios.

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A telefônica Oi disponibilizou cadeiras para os funcionários levarem consigo. Também montou uma plataforma para trocas de experiências ao longo do isolamento. Na GSK Consumo, o horário de almoço foi expandido em uma hora para que as pessoas pudessem ter tempo para cozinhar, comer e ainda dar conta da louça.

A Shell criou um serviço na internet a fim de dar dicas sobre ergonomia aos funcionários em seu novo habitat. “Para o funcionário se manter produtivo, ele precisa estar bem alojado e assistido, tanto na empresa quanto em casa”, frisa Luís Pinto, presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades.

Ainda que com algum susto e muitos ajustes – organizar a casa para acomodar pais trabalhando e filhos estudando, encontrar um canto silencioso e confortável – a fórmula agradou a muita gente, que cita a economia de tempo ao não ter de se deslocar até o escritório e o ganho de flexibilidade na organização do dia como vantagens.

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Uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half, que ouviu em maio 800 pessoas, aponta também que 47% delas se sentem mais produtivas ao atuar de casa e 36% mantêm a mesma produção de antes, sem prejudicar o andamento das tarefas. Um grupo de 11% faz um contraponto, lembrando que há mais obstáculos à concentração na reclusão do lar. “Como estamos diante de um cenário completamente atípico, muitos profissionais precisam administrar não apenas o trabalho, mas as tarefas de casa e da família. Assim que isso se normalizar, provavelmente terão mais facilidade com o home office”, avalia Vitor Silva, gerente de recrutamento da Robert Half.

Como é tudo muito novo, começam a surgir questões sobre as quais ninguém havia se debruçado no mundo pré-pandemia. Uma delas: como manter o elo das equipes com a empresa sem o contato direto, olho no olho? “Temos feito happy hours virtuais e usado muito a nossa rede social interna”, conta Simone Groissmann, vice-presidente de RH da Coca-Cola no Brasil. Iniciativas que buscam dar assistência aos funcionários e promover a interação entre eles incluem ainda aplicativos para monitorar a saúde mental da tropa e aulas de ginástica, ioga e meditação ó tudo via internet.

Apesar de já ter um protocolo pronto para a retomada das atividades, a GSK descobriu em uma pesquisa que 80% dos funcionários gostariam de continuar trabalhando de casa. A consolidação do lar como lugar de trabalho, tendência que certamente seguirá firme mesmo que de forma híbrida quando se restabelecer a normalidade, está fomentando a venda de cadeiras e outros apetrechos de escritório. “As pessoas perceberam que não dá para trabalhar sentado em cadeira de jantar ou banqueta e, em muitos casos, sabem que a situação se manterá no médio ou até no longo prazo. Por isso, investem em estrutura”, diz Ana Carolina Toyama, gerente de desenvolvimento e design do site da Mobly, especializada em decoração.

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Ex-engenheiro da Nasa, o americano Jack Nilles é apontado como o pai do home office por ter trazido ao mundo, nos anos de 1970, o conceito do teletrabalho – justamente uma época de crise energética em que poupar combustível era mais do que necessário.

Pensadores como Alvin Toffler profetizavam que a maioria das pessoas atuaria de casa em um futuro não muito distante, mas demorou para a ideia ser efetivamente digerida aqui e ali. Até que veio o novo coronavírus e, com ele, a experiência maciça do trabalho remoto, ainda estimulado pela exigência de cortar custos nas empresas nesta fase em que a economia patina. Estruturas fixas menores e mais baratas combinam com o momento. E assim, ao que tudo indica, o modo de trabalhar nunca mais será o mesmo.

Menos home, mais office

Ideias para criar um ambiente de trabalho organizado em casa

Escritório de bolso
Quem não tem um cômodo disponível para converter em escritório pode improvisar com uma boa escrivaninha ou mesmo uma mesa, desde que o local preserve o mínimo de silêncio.

Bem sentado
Cadeiras com apoio lombar evitam sobrecarga no pescoço e no ombro. Ajuste a altura para que os pés permaneçam no chão. Encostos mais altos contribuem para o descanso das costas.

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Luz e ar puro
Um espaço iluminado e arejado ajuda a minimizar o cansaço e aumentar a concentração.

Distâncias essenciais
O espaço entre a cadeira e a mesa deve ser bem calculado, para não sobrecarregar os ombros (no caso de mesas altas) nem comprometer a coluna (no caso de mesas baixas).

Ponto de apoio
Importante dispor de um gaveteiro ou de prateleiras para guardar os pertences no fim do dia. Ambientes organizados favorecem o foco.

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