Escola estadual de Niterói coleciona prêmios em ciências exatas

Professores especializados, parcerias de excelência e infraestrutura moderna levam alunos de escola pública às principais olimpíadas de física e matemática

Por Dilson Júnior
15 set 2017, 22h14

Shijiazhuang, capital da província de Hebei, no norte da China. A mais de 17 000 quilômetros do Rio, a cidade sediou um torneio de futebol juvenil em agosto deste ano. Quem levou a melhor foram os brasileiros, com o time do Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa. A vitória nos gramados asiáticos, no entanto, é só um detalhe no rol de conquistas desses alunos. Parceira da Universidade de Hebei, a instituição fluminense, fundada em 2015 em Charitas, bairro de Niterói, tornou-se um centro de excelência em ciências exatas. Há dois anos seus pupilos estudam dez horas diárias, dedicação que resulta em louros nacionais e internacionais nos campeonatos de física e matemática. Só em 2017, as turmas de 1º, 2º e 3º anos do ensino médio ganharam, respectivamente, ouro, prata e bronze na Olimpíada Internacional de Matemática sem Fronteiras. “Nossa escola é muito diferente. Aqui, tem de estudar de qualquer jeito. Só fica quem quer mesmo e quem consegue aguentar a pressão”, diz André Franco, de 16 anos, também medalhista de ouro na última edição da Olimpía­da Brasileira de Física das Escolas Públicas (Obmep).

Premio de matematica
Ensino de ponta: alunos como André Franco (abaixo), ouro na Olimpíada Brasileira de Física, estudam das 7 às 17 horas diariamente (Felipe Fittipaldi/)

Instalado em um imóvel tombado pelo patrimônio cultural do estado e restaurado ao custo de 21,4 milhões de reais, o liceu funciona em horário integral, das 7 às 17 horas, voltado apenas para o ensino médio, e abriga 229 estudantes. O sucesso é fruto de uma combinação de fatores: o quadro de professores conta com profissionais especializados, foram firmados convênios com entidades de excelência como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e a infraestrutura montada permite aprofundar o ensino. A escola adotou, por exemplo, uma sala interativa em que os jovens participam de competições on-line entre si. Seus conhecimentos serão testados mais uma vez em 16 de setembro, quando os dezenove alunos da escola aprovados na primeira etapa da Obmep enfrentarão a próxima prova. “Eles são preparados para raciocinar. Apesar de esta fase ser discursiva, tenho certeza de que vão achar fácil. Todos são muito dedicados”, garante o professor Cícero Avelino, que se voluntariou para treiná-los às sextas­-feiras à tarde, um dos poucos períodos livres na atarefada agenda da turma.

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