Escolas apostam na tecnologia para conquistar jovens conectados

Google e outras ferramentas transformam relação entre aluno e professores

Por Rafael Sento Sé
Atualizado em 27 out 2017, 07h00 - Publicado em 27 out 2017, 07h00
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(Selmy Yassuda/Veja Rio)

“Procura aí no Google.” A frase virou uma espécie de solução mágica para crianças e adolescentes quando o assunto em pauta é alguma dúvida ou pergunta de resposta complexa. Para eles, todas as informações necessárias estão guardadas nesse dédalo misterioso e, ao mesmo tempo, tão amigável, cujo acesso se dá por meio da caixa horizontal em branco para digitação, emoldurada por letras coloridas. Se o colosso virtual da internet abre as portas para um infinito de possibilidades, também pode se transformar em um intrincado labirinto de recursos, dados, fotos, vídeos, textos e conceitos lançados das mais variadas formas possíveis aos olhos do internauta. Quase todo professor já perdeu algumas horas à frente do computador e quebrou a cabeça para montar uma aula para seus alunos inspirado no conteúdo disponível nas mais variadas plataformas da empresa americana de tecnologia. A questão é que poucos, de fato, conseguem atingir um resultado que reflita de modo atraente a massa espetacular de benefícios oferecidos no universo digital. Como forma de ensinar os professores a tirar o máximo proveito de seus recursos, a companhia sediada na Califórnia tem um departamento inteiro focado nesse assunto, o Google para Educação, que já reúne 70 milhões de usuários em todo o mundo, entre alunos, pais, professores e funcionários de escola. Acessível por equipamentos como tablets, smart­phones e outros dispositivos, oferece funcionalidades como planilhas, formulários e toda uma miríade de aplicativos. “Não é uma metodologia de ensino, mas sim um conjunto de soluções que facilitam o aprendizado e o tornam mais atraente. Não temos o objetivo de chegar com uma fórmula pronta”, explica o diretor do programa no Brasil, Rodrigo Pimentel.

Dentro do sistema concebido pelos especialistas dos laboratórios do Google no Vale do Silício, cabe às instituições de ensino encontrar as melhores formas de adaptar as tecnologias oferecidas pela empresa a suas rotinas e métodos. A escola de idiomas Cultura Inglesa foi a pioneira na utilização em sala de aula dos óculos de realidade virtual — uma versão barata e acessível, que até pode ser feita de papelão, em casa mesmo. Os alunos da instituição quase centenária usam o artefato combinado com imagens captadas pelo Google para passeios simulados pelas ruas de Nova York e visitas a grandes museus do mundo, como o Louvre, em Paris. “A proposta é enriquecer o diálogo dos alunos entre si e mesmo entre alunos e professores”, conta a presidente da Cultura Inglesa, Marina Fontoura. Rodrigo Pimentel, do Google para Educação, define iniciativas como os óculos, também conhecidos como caixa de papelão, como “encantadoras”.

A utilização de recursos tecnológicos e não convencionais nas salas de aula exige uma mudança de mentalidade dos professores. Os profissionais de ensino precisam estar dispostos a aprender a lidar com as novas ferramentas, com as quais muitas vezes os próprios alunos têm mais familiaridade. Até mesmo o papel do educador como responsável por difundir conhecimento é posto em xeque. “Nessa nova perspectiva, o aluno tem plenas condições de ajudar o professor a preparar as aulas. As ferramentas do Google têm muito presente a cultura colaborativa”, acrescenta o pedagogo Douglas Neves, da consultoria Nuvem Mestra, parceira do Google na implementação de seus aplicativos.

Na escola Eleva, em Botafogo, os ChromeBooks, tablets adaptados para a sala de aula, já são uma realidade. A partir do 3º ano do ensino fundamental, as turmas são estimuladas a operar o equipamento em aulas específicas. Toda a rotina de dever de casa e lições em sala é registrada no aplicativo Class­room, que permite interação entre professores e alunos. “Nossa preocupação é prepará-los para o que eles vão encontrar fora da escola. Mas os estudantes precisam saber que haverá momentos em que eles estarão conectados e outros em que não estarão”, pondera a coordenadora de tecnologia do Eleva, Cristiane Sanches. Uma das escolas pioneiras no emprego das ferramentas Google, o Mopi desenvolve uma formação continuada dos funcionários para a utilização de novas tecnologias, e criou neste ano um núcleo de tecnologia educacional. “Nossos professores usam, por exemplo, um game que simula a vida no deserto para passar conhecimentos de biologia”, explica o diretor do Mopi, Vinicius Canedo. Bem-vindo ao admirável mundo novo das aulas tecnológicas.

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