Projeto de estreia de Norman Foster no Brasil sedia Casa Cor RJ
Novo edifício na Zona Portuária foi idealizado pelo arquiteto criador da lojas da Apple
Pouca gente sabe, mas o nome oficial da Via Binário do Porto é Avenida Oscar Niemeyer. O endereço que homenageia o gênio das linhas curvas também é o palco para a estreia no Brasil de outro craque das pranchetas. Dentro de dois meses será concluída, em um terreno em frente à Cidade do Samba, a primeira das duas torres do Aqwa Corporate, um megaempreendimento comercial arrematado com a assinatura do escritório Foster+Partners, de Norman Foster. O inglês de 82 anos conhecido pelos prédios arrojados é vencedor do Prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura. Com 21 andares, cinco garagens subterrâneas e formato de diamante, o novo arranha-céu ganhou o apelido de Rubi dos taxistas da região durante os três anos em que esteve em construção. Agora, ele passa pelos últimos ajustes para receber o Casa Cor Rio 2017, que acontece pela primeira vez no Centro e será um dos primeiros eventos a ocupar o espaço.
O conceito básico do projeto é a receptividade. Ela está presente logo na entrada, onde um pequeno parque acrescentará 400 metros de comprimento ao Boulevard Olímpico. Cercada de lojas e restaurantes, uma praça com espelhos-d’água dará as boas-vindas aos visitantes. Elevadores com iluminação futurista, que lembra as lojas da Apple também assinadas por Foster, levarão ao andar de recepção, onde a paisagem é a atração. O chamado sky lobby, que será aberto ao público, tem paredes transparentes e uma vista de 180 graus da Baía de Guanabara. Os pavimentos não têm colunas e são revestidos de vidros, posicionados de maneira a oferecer a melhor acústica, iluminação e temperatura. “As torres foram pensadas para que as pessoas não consigam ver o que acontece no prédio ao lado, o que garante maior privacidade”, afirma Filomena Russo, representante do Foster+Partners no Brasil. A preocupação com o bem-estar dos futuros ocupantes é tanta que o local contará com um sistema de monitoramento dos níveis de gás carbônico. A promessa é que o controle do CO2 se traduza em trabalhadores menos cansados. Estações capazes de tratar 200 quilos de lixo e 500 000 litros de água por semana garantem o caráter sustentável da construção. “Queríamos um prédio que fosse para pessoas, não para empresas”, resume Ana Carmen Alvarenga, diretora no Rio da Tishman Speyer, companhia que encomendou o projeto do Aqwa, em 2012.
A modernidade foi justamente um dos principais fatores para a escolha do ponto pelos organizadores do Casa Cor Rio 2017, bem como a localização. “Nossa expectativa é que a ida para o Centro represente uma renovação do público”, afirma Patricia Mayer, sócia-diretora da mostra. Segundo ela, a combinação de residências com ambientes de trabalho da Zona Portuária está em sintonia com o uso misto dos espaços, uma das tendências a ser abordadas na exibição. Os visitantes terão a chance de conhecer a cobertura do prédio, onde funcionará um bar com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado, com inauguração marcada para 24 de outubro. É uma estreia que combina com o estilo de Foster, um ex-membro da Força Aérea britânica formado pela universidade americana Yale, em 1962. Sua marca registrada é a utilização de vidro e aço, que lhe rendeu mais de 400 prêmios por projetos ousados (veja abaixo). Com a criação do mestre, a Tishman quer atrair empresas sediadas no Centro, algumas já interessadas no local. O cenário econômico adverso não assusta a companhia, que conta com a história a seu favor. Alguns edifícios icônicos da arquitetura, como o Empire State Building, de Nova York, foram construídos justamente em tempos turbulentos (no caso, a Grande Depressão americana, na década de 30). O que garantiu o sucesso desses empreendimentos foi o caráter atemporal do projeto, uma característica que o Aqwa também carrega.