Onde mora o inimigo

Hotéis e complexos esportivos do Rio se preparam para receber as seleções de Itália, Inglaterra e Holanda

Por Louise Peres
Atualizado em 2 jun 2017, 13h11 - Publicado em 12 mar 2014, 18h43
Felipe Fittipaldi
Felipe Fittipaldi (Redação Veja rio/)
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A três meses da Copa do Mundo, o Rio faz valer seus dotes de anfitrião e se esmera nos retoques para receber um trio de hóspedes que demandam uma atenção especial. É aqui que fincarão base três dos nossos principais rivais ao título: a Holanda, atual vice-campeã, a Inglaterra, país de extraordinária tradição no futebol que busca sua segunda conquista, e a poderosa Itália, quatro vezes vencedora do torneio. “Visitamos inúmeras instalações em São Paulo, Belo Horizonte e até resorts na Bahia”, afirma o diretor de futebol Adrian Bevington, integrante da comitiva inglesa que avaliou uma série de lugares para abrigar sua delegação. “Mas, se estamos falando de um Mundial no Brasil, o destino que nos vinha sempre à mente era o Rio.” Diante de tal associação, a equipe de Rooney e Lampard acabou mesmo optando pelo Hotel Royal Tulip, em São Conrado, onde cerca de oitenta pessoas, entre jogadores, membros da comissão técnica e cartolas, vão ocupar dois andares inteiros ao longo da disputa, com início em 12 de junho. Já os treinos serão no Centro de Capacitação Física do Exército, aos pés do Pão de Açúcar. É o mesmo local onde o English Team se preparou para o primeiro jogo oficial do novo Maracanã, disputado contra os donos da casa em junho de 2013.

O acerto na logística é o esteio para um time ter sucesso na competição. No Brasil, com suas dimensões continentais, esse cuidado deve ser redobrado. Localização da concentração, infraestrutura disponível, facilidade no deslocamento e qualidade do centro de treinamento são itens de peso na hora de escolher onde ficar (veja o quadro). Para auxiliar na tarefa, a Fifa listou mais de 400 pontos pelo Brasil considerados aptos para a função. Como aconteceu com a Inglaterra, uma experiência positiva foi determinante para que a Holanda optasse pelo campo do Flamengo. Apesar de o sorteio das chaves, que define o roteiro da equipe pelo país, ter sido realizado apenas em dezembro, a negociação para utilizar a sede rubro-negra começou em 2011, quando o clube cedeu seu campo para que os holandeses treinassem antes de um amistoso contra a nossa seleção. “Eles adoraram nossas instalações. Fomos questionados sobre os vestiários, mas garantimos que seriam reformados”, revela Cacau Cotta, ex-vice-presidente administrativo da Gávea. Para cumprir a promessa, a própria CBF investiu 200?000 reais na restauração do espaço. Outro objeto de preocupação, o gramado passa por uma reforma desde janeiro, e será de uso exclusivo dos inquilinos até o fim da Copa. Foi fundamental nas decisões a proximidade entre a Gávea e o hotel onde ficará a delegação, em Ipanema. “Pensamos na facilidade dos deslocamentos”, afirma Martiene Bruggink, porta-voz da Associação Nacional de Futebol Holandesa.

Fotos divulgação
Fotos divulgação ()

Hospedar apenas três das 31 delegações estrangeiras que vêm ao Mundial pode parecer um tanto acanhado para a capital do turismo no país, mas reflete com fidelidade a situação dos grandes clubes do Rio, todos carentes de um centro de treinamento. Os holandeses chegaram a visitar o Ninho do Urubu, CT do Flamengo em Vargem Grande, mas logo desistiram de aproveitá-lo. Atenta a essa deficiência dos cariocas, a Itália se decidiu pelo Portobello Resort, em Mangaratiba, a uma hora e meia da capital. Foram mais de seis meses de tratativas até que fosse firmado o acordo, cheio de cláusulas extracampo. Uma das exigências é a remoção de uma cocheira onde estão abrigados setenta cavalos. Outra, a inclusão de pelo menos dois tipos de massa com pouco tempero a cada refeição, além da disponibilização de uma lavanderia a seco. “Os jogadores e dirigentes italianos estão sempre impecáveis. É natural que tenham feito essa solicitação”, diz Regina Rocha, gerente comercial do resort, que será exclusivo da Azzurra durante 45 dias. Não é para qualquer bolso. Embora o contrato exija confidencialidade, sabe-se que o custo das diárias de todos os 152 quartos do complexo nesse período ficaria em torno de 4,5 milhões de reais. “Fomos sondados por Alemanha, Japão, Holanda e Bélgica”, revela Regina. “Mas os italianos ficaram encantados com a praia particular e a paisagem daqui.” Tomara que gostem da estada. Mas que voltem para casa de mãos vazias.

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