Mercado agitado: fundos nacionais e estrangeiros investem firme no Rio
Depois do marasmo do período pós-olímpico, a cidade se tornou um lugar barato. Agora, há a certeza de investimentos trazem bons rendimentos no futuro
O semestre ainda nem terminou, mas o Rio já coleciona eventos que entraram para a história, deixando a cidade sob os holofotes globais. Entre os maiores exemplos dessa projeção estão o show da Madonna, que reuniu 1,6 milhão de pessoas nas areias de Copacabana, além das reuniões pré-G20, o evento que trará ao solo carioca grandes líderes, e o retorno do Guia Michelin à capital, num esforço da prefeitura para contar com turistas ávidos por experiências caprichadas no sabor (e nas cifras).
Esses bons ventos também andam agitando fundos imobiliários nacionais e estrangeiros, que voltam a enxergar o Rio como potência econômica. “Com a crise que se instalou a partir de 2016, no cenário pós-olímpico, a cidade se tornou um lugar barato para os grandes fundos. O que vemos agora é a certeza de que esses investimentos trarão bons rendimentos no futuro”, aposta Samuel Barros, reitor do Ibmec, ressaltando que o Rio envereda pela trilha de se tornar mais atraente do que nunca aos olhos do mercado internacional.
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Na geografia carioca, o Centro e o Porto Maravilha funcionam como motores do setor — pelos menos oito prédios residenciais na região estão previstos para serem entregues aos moradores até o fim do ano —, mas há movimentação em bairros diversos.
Em dezembro, a gestora carioca JGP arrematou o prédio que abriga o Rio Design Leblon por meio de um fundo próprio que captou 205 milhões de reais, dos quais 160 milhões foram destinados à compra. Já o retrofit que transformará o 3º andar e parte do 2º piso em escritórios vai custar entre 70 milhões e 100 milhões.
A ideia é oferecer atrativos para disputar clientes com a torre de escritórios do Shopping Leblon, logo ao lado. “Durante as rodadas de investimento em outros estados, fizemos muita propaganda do Leblon, falando menos do Rio, já que o bairro é descolado da percepção geral de violência”, conta Thiago Lima, sócio da JGP, que ainda tentou adquirir o antigo prédio da Oi no bairro, recém-comprado pelo fundo HSI, por 205 milhões de reais. “É imprescindível que a cidade invista em segurança pública para decolarmos”, enfatiza.
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Programado para ser entregue em 2026, o edifício localizado na Humberto de Campos promete trazer ao Leblon ares de Faria Lima (reduto de escritórios dos principais bancos e big techs na capital paulista), com 20 000 metros quadrados de área locável. O HSI também volta os olhos para negócios vinculados ao turismo, vital na engrenagem da economia carioca — em fevereiro, desembolsou 550 milhões de reais para arrematar o hotel Hilton, em Copacabana.
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O cenário de queda dos juros tanto enseja o desenvolvimento imobiliário quanto amplia oportunidades de rentabilização, especialmente em locações por temporada. É o caso da Xtay, plataforma de estadias flexíveis focada em imóveis adquiridos por investidores institucionais, family offices e fundos imobiliários. “A gente cuida de um apartamento comprado por uma pessoa na faixa de 60 anos e usado por quem tem de 20 a 30. É fácil perceber que todos querem estar no Rio”, enlaça Gabriel Fumagalli, CEO e cofundador da startup.
A crise, ao que tudo indica, é coisa do passado.