Rio terá partidas oficiais de futebol americano a partir de 2026
Presença do esporte na cidade vira peça fundamental no projeto de posicionamento global
À primeira vista, o futebol americano e o Brasil não têm nada a ver, mas os números mostram o contrário: são 36 milhões de torcedores por aqui, o que faz do país o terceiro maior público internacional do esporte, atrás apenas do México.
Não à toa, São Paulo virou parada anual da National Football League (NFL), a principal liga da modalidade.
E o próximo destino será o Maracanã, com capacidade para receber cerca de 20 000 torcedores a mais que os 47 627 que compareceram à partida entre Kansas City Chiefs e Los Angeles Chargers na Neo Química Arena, em setembro. “O Brasil é um lugar especial no mundo, e o Rio de Janeiro é incrível. Estou ansioso para ver o estádio lotado”, enaltece Luis Martínez, diretor da NFL Brasil.
Nos próximos cinco anos, o Rio receberá entre três e cinco jogos da modalidade estadunidense ó o objetivo da prefeitura é ter uma por ano. “Começamos a costurar a parceria em fevereiro, no Super Bowl, em Nova Orleans. Eu e o vice-prefeito Eduardo Cavaliere tivemos ótimas conversas com a diretoria da NFL, que percebeu que a coisa era séria”, relembra o secretário municipal de Esportes, Guilherme Schleder, acrescentando que a liga americana capacitou 62 professores das vilas olímpicas para ensinar flag football, a versão de menos contato do futebol americano que foi inserida nos jogos de Los Angeles 2028.
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A paixão dos cariocas pelo esporte americano pode parecer recente, mas há mais de uma década o empresário Patrick Dutton, na época com 23 anos, já vislumbrava o potencial público.
Ao voltar de uma temporada em Nova York, ele fundou a Rio Football Academy, na Barra, em 2013. “No início, os alunos chegavam principalmente pelo boca a boca. Hoje, existe uma procura, mesmo que a maioria dos interessados nunca tenha vestido uma ombreira”, explica Dutton.
O Vasco Almirante, que mescla atletas profissionais e amadores, nasceu da união entre o Botafogo Reptiles e o Vasco da Gama Patriotas, e vai jogar o campeonato brasileiro da modalidade, que conta com 83 times.
O fenômeno levou o Maraca Sport Bar, no Vogue Square, a exibir partidas nos telões, com ampla divulgação nas redes “O movimento aumentou após o primeiro jogo em São Paulo. Consegui o contato de um jogador do Vasco Almirante, liguei para ele e fizemos um evento. A casa lotou, parecia final de Libertadores”, celebra o proprietário, Alexandre Curado.
Torcedor carioca do New England Patriots, o estudante de jornalismo Bernardo Cotta, 23, assistiu ao embate em São Paulo e já anseia pela festa no Maraca, ainda sem data. “Herdei esse amor do meu pai e vou fazer de tudo para conseguir um ingresso”, confessa.
Um acordo de distribuição firmado pela TV Globo promete fazer com que o público do sofá também cresça. A emissora vai se juntar a ESPN, Disney+, Rede TV! e Cazé TV na exibição das partidas. “Um fator importante para a popularidade de um esporte é a associação com os meios de comunicação, que promovem uma certa pedagogização e estimulam o hábito”, reflete a professora de comunicação social e pesquisadora da Uerj Leda Maria Costa.
Se por um lado os jogos na cidade incentivam a procura pelo esporte, por outro as partidas também posicionam o Rio globalmente. “O mundo inteiro vai olhar para a cidade, não apenas pela beleza e hospitalidade, mas pela capacidade de sediar um evento de padrão internacional”, diz o presidente da Riotur, Bernardo Fellows. “O estado já recebeu torneios mundiais de surfe e o Ironman, além da Maratona do Rio e do Rio Open.
Não tenho dúvidas de que o futebol americano vai se consolidar como um grande atrativo”, afirma o subsecretário estadual de Esporte e Lazer, Rodrigo Scorzelli, que promete não poupar esforços para reinserir as corridas de Fórmula-1 no calendário local. Quanto mais iniciativa, melhor.
Olho no lance
Informações básicas para começar a assistir
Objetivo do jogo: levar a bola até o final do campo e marcar mais pontos que o adversário na chamada end zone.
Times: cada equipe tem onze jogadores em campo. O time com a posse de bola entra com os atacantes, enquanto o adversário prepara a divisão de defesa.
Touchdown: quando um jogador chega à end zone com a bola.
Down: a cada 10 jardas conquistadas, o time com a posse de bola ganha mais quatro tentativas para seguir avançando. Caso não consiga, a posse de bola vai para o rival.
Perda de bola: se um erro acontece ou a defesa rouba a bola, a posse passa para o adversário.
Pontuação: O touchdown vale seis pontos; chute entre as traves confere três; enquanto a defesa pode surpreender com 2 pontos.





