Homenagem merecida: Copacabana agora tem o Largo do Alfredinho
Dono do tradicional bar Bip Bip, símbolo de resistência cultural e política, morreu no Carnaval de 2019
O trecho da Rua Almirante Gonçalves, em Copacabana, onde fica o tradicional bar Bip Bip, passou a se chamar Largo do Alfredinho nesta segunda (13) – uma homenagem ao dono do estabelecimento, Alfredo Jacinto Melo, o lendário Alfredinho.
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Figura conhecida da cena boêmia carioca, Alfredinho morreu no Carnaval de 2019, deixando seu legado no bar, eternizado como um símbolo de resistência cultural e política do Rio.
“O Alfredinho era um personagem dessa cidade cheia de figuras que a gente precisa homenagear. Era um homem que amava a vida, que gostava de música, de poesia e, a acima de tudo, era uma carioca de verdade”, disse Eduardo Paes na cerimônia, que contou também com a presença da secretária municipal de Conservação, Anna Laura Valente Secco.
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Para abrigar a homenagem, a rua ganhou um totem e quatro placas – sendo duas indicativas do estabelecimento – além de serviços de tapa-buraco, limpeza do sistema de drenagem e nivelamento de tampão, realizados pela prefeitura. Nas placas de identificação, Alfredo é relembrado como “dono do Bar Bip Bip, torcedor do Botafogo e da Mangueira, militante da Cultura, Solidariedade e Democracia”.
Tombado como Patrimônio Cultural Carioca em 2012, o Bip Bip reabriu suas portas no início de novembro deste ano, após ter fechado as portas no começo da pandemia, em março de 2020. O espaço, onde já se apresentaram grandes nomes do samba como Beth Carvalho, Paulinho da Viola e Moacyr Luz, não parou mesmo sem receber o público presencialmente – foram realizadas mais de 700 horas de lives no Instagram neste período para manter a tradição musical do estabelecimento.
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O bar foi inaugurado em 13 de dezembro 1968, mesma data em que foi decretado o AI-5 pela ditadura militar no Brasil, e foi nomeado por conta do sonoro “bip bip” emitido pelo primeiro satélite artificial russo, o Sputnik, lançado em 1957.
Em 1984, Alfredinho entra em cena ao assumir a casa, aumentando a fama do espaço principalmente entre os apreciadores de música. Curiosamente, o bar nunca teve garçons, de forma que o clientes podiam pegar a cerveja diretamente do freezer e ter seus pedidos anotados.
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Desde a morte de Alfredo, o Bip Bip passou a ser tocado por seus amigos e funcionários, com a aprovação da família. A cada semana, a programação do bar é preenchida com samba, nos domingos e quintas, choro, nas terças, e bossa nova, todas as quartas.