Tempo de tabuleiro! Jogos para esquentar o inverno
O mercado de jogos de tabuleiro avança, traz novas opções com proposta inovadores, e aproxima adultos em busca de diversão e novos laços

Reza a lenda cantada por Adriana Calcanhoto que cariocas não gostam de dias nublados. Dias frios também não são exatamente os preferidos dos moradores do Rio, que precisam bolar programas alternativos para os encontros com os amigos na praia e no bar. Com o termômetro variando entre 15 e 20 graus, as atenções se voltam para dentro de casa com fondues, queijos e vinhos e, por que não?, uma jogatina.
Esse tipo de passatempo está longe de ser “coisa de criança”, desafiando o raciocínio e incentivando calorosas disputas diante de estratégias e regras intrincadas. “Se alguém me diz que não gosta, me sinto desafiado. Sempre tem algum jogo que vai agradar”, diz o engenheiro de produção Matheus Mattos, 34 anos, que reuniu os companheiros de escola para apresentar Duna: Imperium, jogo de tabuleiro inspirado no filme homônimo. De início, a turma torceu o nariz, mas resolveu dar uma chance para o programa. Resultado: todos se encantaram e passaram a se encontrar semanalmente para animadas sessões.

O mercado de jogos de tabuleiro movimentou mais de 53 bilhões de reais em 2024 no mundo. No Brasil, o setor, aos poucos, vem deixando de engatinhar. Dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), mostram que, no ano passado, as vendas deste tipo de jogo responderam por 13,1% do total, um salto de 44% em relação a 2017.
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O sucesso incontestável do Dixit, no qual os participantes devem criar explicações para desenhos abstratos, ao mesmo tempo confundindo e tentando convencer os oponentes, faz dele uma ótima introdução para quem busca conhecer lançamentos mais recentes. A versão brasileira é da Galápagos, empresa responsável por disponibilizar, desde 2009, uma novidade atrás da outra no mercado. “Inicialmente, o público estranhou a proposta, achando os jogos muito diferentes e caros. Com o tempo, formamos uma comunidade forte e engajada”, explica o head de marketing da empresa, Ade Ferrari, acrescentando que o boom de vendas veio no pós-pandemia. “As pessoas queriam se entreter além do streaming”, conclui.
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Os apaixonados por Dixit, Azul, Rummikub, Ticket To Ride e outros sucessos do gênero não precisam esperar o convite de algum amigo. Estabelecimentos batizados de ludobares, como o TabuClub, em Niterói, e o Game of Boards, em Botafogo, abrem espaço para curiosos e iniciados. “Os grupos surgem de forma espontânea, unindo pessoas que parecem ser bem diferentes umas das outras”, observa Vitor Duarte, sócio do TabuClub, cujas prateleiras são coalhadas de mais de oitocentas opções. “Dá para chegar sem conhecer nenhuma regra, sempre tem alguém disposto a ensinar”, conta o administrador Beliel Sasson, 36, cliente assíduo.
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A casa investiu num cardápio para a estação, com caldos variados, e permite que os clientes aluguem ou passem a noite experimentando jogos ali mesmo, pagando uma taxa a partir de vinte reais. Já o bar de Botafogo prepara uma programação especial para celebrar uma década de serviços prestados, em setembro. “Jogo com o meu sobrinho de 5 anos e com minha avó de 82. A diversão é para todas as idades”, celebra Mattos, o engenheiro. A emoção despertada pela jogatina aquece qualquer ambiente.