Jovens que imitaram macacos em roda de samba são denunciados à polícia

A mulher seria uma argentina que veio participar do Fórum Latino-americano de Educação Musical, e o homem seria carioca

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 jul 2024, 16h35 - Publicado em 22 jul 2024, 16h06
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Thiago Martins Maranhão: carioca dava aulas em São Paulo (Instagram/Reprodução)
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Uma mulher e um homem que imitaram macaco durante a roda de samba Pede Teresa, na Praça Tiradentes, no Centro, na última sexta (19), foram denunciados à Polícia Civil nesta segunda (22). A mulher seria uma argentina de Buenos Aires, que veio ao Rio para participar do Fórum Latino-americano de Educação Musical, e o homem seria carioca.

A denúncia foi feita pela jornalista Jackeline Oliveira, que fez o vídeo com o flagrante de racismo, à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Ela estava acompanhada de Wanderso Luna, idealizador da roda, da vereadora Monica Cunha, presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara de Vereadores, e de advogados.

 

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Além de formalizar a denúncia, o grupo pediu a identificação e punição dos suspeitos. O fórum confirmou, por meio de um comunicado em suas redes sociais, que um dos envolvidos participou do evento. Além de repudiar o ato, informou que solicitou que a seção brasileira do fórum abra um processo para investigar a situação, conforme as leis brasileiras.

A jornalista contou que ao jornal O Globo que saiu para comprar uma água e viu o homem e a mulher, que são brancos. Inicialmente, pensou que eles estavam apenas dançando, logo se deu conta de que estavam imitando macacos. Ela resolveu, então, gravar a cena e chamar o segurança, que abordou os dois e mandou que parassem.

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No dia seguinte, publicou o vídeo nas suas redes sociais, mas, diante da gravidade do caso, decidiu fazer uma denúncia. Jackeline é assessora da vereadora Monica Cunha, que preside a Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, e pediu ajuda à comissão.

“Isso não é brincadeira, não é deboche, é crime! Racismo é CRIME e não vamos mais tolerar!!! Uma violência que atravessou não só o meu corpo como de diversas pessoas que estavam lá. Ontem eu só pensei o seguinte: preciso ter provas e por isso gravei o vídeo”, escreveu Jackeline em suas redes sociais.

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A produção da roda Pede Teresa também se manifestou nas redes, por meio de um comunicado. “O samba é lugar de gente preta, feito por gente preta. Nosso samba é nosso quilombo, nosso espaço de existência e resistência. No samba não só nos divertimos, mas expressamos nossa humanidade. Nossa tecnologia ancestral. Nosso chão”, diz o texto.

Pessoas brancas têm que pisar devagar e respeitar. Coloquem-se no lugar de vocês que é ‘nenhum’. Não fazemos questão deste tipo de presença em nosso samba e se virmos este comportamento inaceitável serão expulsos. Pessoas pretas que se sentirem de alguma maneira incomodadas em nosso samba devem procurar nossa produção”, segue a nota.

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“Nada ameniza o racismo. Ninguém, em país nenhum, vai entender que o racismo é uma coisa boba, uma brincadeira”, disse Jackeline ao Globo. “A gente vai continuar buscando, e eu espero que a polícia faça o trabalho dela, localizando, responsabilizando e fazendo essas pessoas pagarem pelo crime e ato de racismo de cometeram.”

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Ela também conversou com Wanderso Luna, idealizador da roda de samba, que se prontificou a acompanhá-la à delegacia para registrar a ocorrência. Ele, que estava tocando no momento do acontecido, contou ao Globo que só soube de tudo no dia seguinte, com a repercussão nas redes sociais.

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Ele afirmou ao Globo que, infelizmente, esse tipo de ato é corriqueiro. “Confio na justiça brasileira. Vão encontrá-los e vão pagar. Mas a gente está diante de uma oportunidade de provocar um debate de transformação e de como se lida com o racismo“, analisou ele, que, na saída da delegacia, disse que seguranças do evento teriam visto outros argentinos imitando macacos.

O ato de racismo se junta a outros acontecidos em rodas de samba do Rio que vêm levantando uma discussão sobre a presença de pessoas brancas em espaços de cultura negra na cidade, o que vem fazendo com que esses lugares deixem de ser portos seguros para pessoas negras.

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