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Assim como o Leblon, outro bairro pode sofrer com ressacas

Estudo da UFRJ alerta que degradação de dunas e restingas pelo avanço da urbanização pode levar o problema para a Barra

Por Da Redação
Atualizado em 2 set 2025, 00h26 - Publicado em 1 set 2025, 13h28
Barra da Tijuca
Praia da Barra: faixa de areia, do calçadão e de quiosques, que vêm ampliando suas áreas, transformando-se em beach clubs, estão ameaçados pela correnteza  (Alexandre Macieira/Riotur)
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A perda de dunas e restingas nas praias pode, em cerca de um ano, igualar a Barra da Tijuca ao Leblon em caso de ressaca. É o que aponta uma pesquisa do Laboratório de Geografia Marinha da UFRJ, publicada no último dia 22 na revista Quaternary and Environmental Geoscience, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O estudo analisou a vulnerabilidade das praias da cidade do Rio, do Leme à Macumba, a impactos causados por eventos como esse. Vítima frequente dos estragos causados pela correnteza, o trecho da orla da Zona Sul exaltado por Manoel Carlos já sofre com a invasão do mar, que muitas vezes passar o calçadão e atinge as pistas e calçadas.

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“Nos últimos 15 anos, a praia da Barra da Tijuca tem sofrido uma alteração muito grande das dunas frontais e restingas, com o avanço, sobre a faixa de areia, do calçadão e de quiosques, que vêm ampliando suas áreas, transformando-se em beach clubs. Um dos pontos mais críticos nesse sentido é a Praia do Pepê (Posto 2), que está sendo cada vez mais invadida por esses empreendimentos”, disse ao jornal O Globo a pesquisadora Flavia Lins de Barros, uma das autoras do estudo e professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRJ, acrescentando que há muita devastação por pisoteio. “Então, de um lado, há essa pressão da sociedade e, de outro, a elevação do nível do mar em virtude das mudanças climáticas, provocando o que chamamos de beach squeeze, ou seja, a praiaestá sendo espremida”, explicou ela. As dunas frontais são os montes de areia às margens do calçadão que funcionam como uma barreira natural contra o avanço do mar durante as ressacas. As restingas, uma vegetação de Mata Atlântica, geralmente rasteira, por sua vez, retêm a areia das dunas, evitando que elas se dissipem. Nos últimos anos, porém, a degradação desses elementos pelo avanço da urbanização vem deixando a orla cada vez mais
exposta.

O estudo, assinado ainda por Pedro Piacesi e Pedro Costa, teve apoio financeiro de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os pesquisadores percorreram, nos últimos cinco anos, 48,5 quilômetros da costa carioca para analisar aspectos do perfil das praias, como altitude, declividade, largura média, potência da onda e tamanho do grão de areia, munidos de equipamentos como trena, mira topográfica e balizas. Eles identificaram que Leblon, Arpoador e Macumba são as mais suscetíveis a danos.

Ainda segundo Flávia, tanto a praia da Barra quanto a do Leblon são muito expostas a fortes ondas. Então, em períodos de ressacas, cada vez mais frequentes e intensas, elas são atingidas diretamente. “O que faz com que, hoje, a correnteza na Barra ainda não tome conta das pistas é o fato de ainda haver dunas frontais com restingas em vários trechos, podendo chegar a 7 metros de altitude em relação ao nível do mar e fornecendo uma barreira natural, além de ser uma praia mais larga e com bancos de areia dissipando a energia da onda, por conta do grão de areia mais fino”, detalha a pesquisadora. Já no Leblon observa que o calçadão é muito rebaixado em relação ao nível do mar, com até 4 metros de altitude.

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No dia 29 de julho, quando havia um aviso de ressaca emitido pela Marinha, alertando para ondas entre 2,5 e 4 metros de altura, a força da maré causou estragos no Posto 2 e assustou moradores. Não foi a primeira vez que o mar alcançou a orla por ali. Em 2019, as fortes ondas destruíram o muro que separava o GMar da praia, arrastaram seu heliponto e engoliram calçadão e ciclovia. Em 2020, a ondas de três metros causaram o desmoronamento do calçadão no Posto 8. A pesquisa da UFRJ pretende servir como instrumento para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas a garantir a segurança dos frequentadores das praias e proteger infraestruturas próximas à costa. As soluções para o problema, aponta o estudo, devem ser baseadas na natureza, como restauração de dunas e restingas, evitando obras de engenharia.

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A Secretaria municipal de Meio Ambiente e Clima (Smac) informou ao Globo que tem um projeto que estimula a adoção com recuperação de vegetação nativa. Até o momento, 60 módulos de restinga estão sob cuidados de adotantes ao longo da orla, mas não foi especificado quantos ficam na Barra. Ao assinar o termo de adoção, todo o adotante se responsabiliza pela manutenção dos módulos adotados, cujos serviços incluem manejo e limpeza. Em relação ao avanço dos quiosques sobre a faixa de areia e à praça em área de restinga, a pasta acrescentou que está organizando uma ação com os principais órgãos que atuam na orla, a fim de conscientizar os donos de quiosques sobre seus direitos e deveres. Além disso, destacou que a Patrulha Ambiental atua diariamente na fiscalização
e sanções nessas áreas.

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