Maternidade Escola da UFRJ realiza o primeiro parto de pessoa trans
Maria Cecilia nasceu quinta (12); Lucas Bernardo, de 27 anos, fez pré-natal especializado, por meio do programa Transgesta, iniciativa pioneira do SUS

O primeiro parto de gestante trans do estado do Rio pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aconteceu na manhã desta quinta (12) na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Foi lá que Lucas Bernardo Alves, de 27 anos, deu à luz sua primeira filha, Maria Cecília. Ele conseguiu realizar o que ainda é um privilégio: o pré-natal especializado para pessoas trans na unidade por meio do programa Transgesta. A iniciativa pioneira do SUS promove o cuidado assistencial voltado para o segmento, respeitando a identidade de gênero e as peculiaridades de corpos.
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“Não tive nenhum problema com relação à questão dos pronomes, por exemplo, que geralmente é o que acontece. Eu me sinto muito privilegiado pelo tratamento que tive. Sei que muitos meninos não têm o mesmo tratamento”, disse Lucas ao jornal O Globo, momentos antes de entrar na sala de parto para a cesariana, acompanhado de sua mãe, Cleudia Penha. Ele conta com uma equipe multidisciplinar, incluindo psicologistas, psiquiatras, assistentes sociais, endocrinologistas e nutricionistas.
“O uso do hormônio masculinizante não pode acontecer durante a gravidez, por exemplo, já que pode afetar diretamente o feto. Entendendo as necessidades e olhando também para a questão da saúde mental desse segmento, é possível fazer um pré-natal mais completo“, explicou ao jornal a médica e gerente de atenção à saúde da maternidade, Penélope Marinho.
Desde agosto deste ano, a Maternidade Escola da UFRJ acolhe e faz o pré-natal especializado para pessoas que se reconheçam e se declarem como transexuais, travestis, transgêneras, intersexo e outras denominações que representem formas diversas de identidade de gênero, por meio do projeto Trangesta. No Brasil, a maternidade carioca é a segunda instituição a realizar o pré-natal especializado para atendimento à pessoa trans pelo Transgera. A primeira foi a Maternidade Climério de Oliveira (MCO), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ambas as maternidades fazem parte da Rede Ebserh.
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Para o programa Trangesta, a maternidade lançou o cartão pré-natal adaptado para a realidade do público trans, com a inclusão de informações como o nome social, identidade de gênero, orientação sexual e parceria afetivo-sexual. Nele constam informações como o registro da história da gestação, com a descrição de exames, consultas, situações de saúde, pressão, batimentos cardíacos. Para ter acesso ao atendimento, a pessoa deverá procurar a unidade básica de saúde mais próxima à sua residência e ser encaminhada à Maternidade Escola da UFRJ de duas formas: pelo Sistema Estadual de Regulação (SER), ou também através do Sistema de Regulação (Sisreg).