Aquela horinha a mais de manhã que pode fazer toda a diferença

O best-seller O Milagre da Manhã está sendo redescoberto por cariocas que buscam preservar a saúde física e mental na pandemia

Por Melina Dalboni
Atualizado em 5 jun 2020, 18h14 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00
De manhã: cada vez mais cariocas estão adiantando o despertador em uma hora para fazer exercícios que ajudam no desenvolvimento pessoal (Getty Image/Divulgação)
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Organizar o dia dentro de casa tem sido um desafio e tanto nestes tempos de confinamento. Diariamente, as pessoas precisam duelar com a natural tendência humana à inércia – neste caso, ficar de pijama, embaralhar o horário das refeições e esticar as atividades madrugada adentro, ainda que muitos adultos sigam em trabalho remoto e as crianças, no ensino on-line.

É nesse contexto que os cariocas estão revisitando as prateleiras de livros de autoajuda em busca de ideias sobre como lidar com a mudança tão radical de rotina. E bastante gente agora tem à cabeceira O Milagre da Manhã, do americano Hal Elrod, autor que vendeu 1 milhão de exemplares no Brasil propondo aproveitar a primeira hora em que se está desperto com um misto de exercícios, leitura e reflexão. “No meio de uma crise, como a pandemia, é importante reservar tempo para o desenvolvimento pessoal. Só assim poderemos manobrar nossos medos e manter a cabeça sã”, reforçou Elrod a VEJA RIO.

As técnicas do escritor, elaboradas a partir de sua história de superação após um grave acidente de trânsito, envolve passos simples, que devem ser seguidos como a primeira atividade do dia. Tudo começa por se levantar uma hora antes do previsto, de preferência colocando o despertador distante da cama para criar a necessidade de tirar o cobertor e desligar o aparelho. A segunda providência é vestir logo a roupa de ginástica, para não cair na tentação de pular os vinte minutos de exercícios previstos no script.

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Vinte minutos de leitura e cinco de anotações sobre planos e sonhos também estão incluídos. Parece trivial, mas isso exige uma boa dose de disciplina para não engatar logo cedo nos onipresentes aplicativos de mensagem e redes sociais. “Alguns ensinamentos já fizeram melhorar o meu dia a dia e meu relacionamento com as pessoas. Um deles é a técnica de respiração que o autor ensina”, conta Nathalie Passos, dona do Naturalie Bistrô, em Botafogo. Na quarentena, ela voltou a folhear o livro.

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Nathalie Passos: técnica de respiração incorporada ao dia a dia da chef de cozinha (Léo Lemos/Veja Rio)

Parte das sugestões de Elrod e de outros autores que seguem a trilha do bom uso do turno matutino gira em torno da ideia de exercitar a concentração e preservar o tempo, sempre tão escasso, para dedicar uma pausa à reflexão, ao desenvolvimento pessoal e à meditação. Nesse sentido, o confinamento ajuda ao motivar as pessoas a buscar estímulos interiores enquanto os que vêm de fora estão limitados. “Saímos de um padrão de vida em que muitas coisas aconteciam ao mesmo tempo para um cenário em que o mundo deve transcorrer inteiramente dentro do lar. Isso exige um esforço de adaptação e abre espaço a novas rotinas”, observa a psicóloga Caroline Gonzalez.

A literatura que vem subsidiando os cariocas enfatiza os ensinamentos milenares da ioga. Além da cartilha de Elrod, integra essa linha O Clube das 5 da Manhã, que vendeu mundialmente 15 milhões de cópias, atraindo bem-sucedidos como Jeff Bezos, da Amazon, e Tim Cook, da Apple. O título já deixa claro que “os passos” precisam começar antes do raiar do sol – neste caso, com vinte minutos de exercícios físicos, vinte de leitura e vinte de meditação. Lembrando que, para os praticantes de ioga, o período cedíssimo da manhã é considerado “a hora do criador”. “Trata-se do momento propício para a ioga, que envolve a observação da atenção plena, alcançada a partir de técnicas sutis, como exercícios respiratórios e meditação”, explica a professora Adriana da Cunha.

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Apesar de muitos estudos indicarem os benefícios de acordar cedo, a rotina deve ser organizada de modo que se torne viável e agradável – e não uma camisa de força sustentada por cobranças exageradas. “Caso contrário, poderá levar a frustrações, sensação de letargia e pensamentos de fracasso ”, pondera a psicóloga Caroline Gonzalez. Evidentemente, a quarentena dá margem a adaptações, como, por exemplo, não colocar o despertador para as 5 da manhã em um momento no qual as crianças não estão indo para o colégio e o trabalho é em casa. “A hora de acordar não é um imperativo. O mais importante é o indivíduo começar o dia investindo tempo e energia em desenvolver as condições para realizar seus objetivos”, ressalta Elrod. Os dorminhocos agradecem.

Uma hora que vale por mil
Os seis passos do método criado pelo americano Hal Elrod

Silêncio
Ao despertar, medite, reflita, respire profundamente, reze ou “exercite a gratidão”. (5 minutos)

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Visualizações
Crie imagens mentais positivas relacionadas a seu objetivo — pode funcionar como “um apoio poderoso para
superar a procrastinação”. (5 minutos)

Registro
Repita mentalmente com clareza uma frase que traduza exatamente o que você deseja melhorar em sua vida. (5 minutos)

Exercício
Faça uma atividade física para aumentar a disposição e a autoconfiança, e melhorar a saúde e o bem-estar. (20 minutos)

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Leitura
Leia pelo menos dez páginas por dia de livros que possam inspirá-lo e aproximá-lo de seu objetivo. (20 minutos)

Escrita
Tenha um diário sobre seus sonhos e planos para o futuro. (5 minutos)

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