Policiais são denunciados por racismo dentro de shopping

Em caso de condenação, pena pode ser de até três anos

Por Agência Brasil
Atualizado em 10 dez 2020, 12h41 - Publicado em 10 dez 2020, 12h17
Área externa do prédio no centro do Ministério Público do Rio. São duas pilastras altas na frente da porta.
Ministério Público do Rio de Janeiro: decisão foi tomada com objetivo de melhorar a apuração sobre os casos (Divulgação/Reprodução)
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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou por racismo dois policiais que agrediram jovem em um shopping center na zona norte da capital fluminense. Se a denúncia for aceita e ambos forem condenados, a pena prevista é de um a três anos de reclusão. O episódio ocorreu no início de agosto no Shopping Ilha Plaza.

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Na denúncia, o Ministério Público diz que Matheus Fernandes é um jovem negro de 18 anos que trabalha fazendo entrega de alimentos encomendados por meio de aplicativos de celular e que costuma atender clientes de restaurantes do próprio shopping. No dia do ocorrido, o jovem tinha ido trocar um relógio que comprou na Renner e foi abordado pelos policiais militares Gabriel Izaú e Diego da Silva, que o acusaram de ter furtado produto. Matheus foi forçado a deixar a loja, imobilizado e teve uma arma de fogo apontada para sua cabeça.

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O MPRJ sustenta que os policiais militares levantaram a suspeita de furto em razão da cor de pele do jovem. Imagens gravadas pelas câmeras de segurança da Renner e por celulares de clientes registraram a abordagem e também as agressões. De acordo com o Ministério Público, a ação truculenta e arbitrária somente foi interrompida devido à aglomeração de pessoas, que cobraram a liberação do jovem.

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Agência Brasil não conseguiu contato com a defesa de Gabriel Izaú e Diego da Silva. Segundo o MPRJ, os dois policiais militares alegaram, em depoimento na Polícia Civil, que o jovem levantou suspeitas porque estava com um boné que fazia menção a um dos antigos líderes do tráfico de drogas de uma favela da região. Disseram ainda que ele também aparentava esconder uma arma sob suas roupas.

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Para o MPRJ, tal narrativa não se sustenta. Um vigilante do shopping center que presenciou a abordagem também foi ouvido nas investigações e disse que, ao indagar os policiais sobre o motivo da ação, nenhuma menção foi feita ao boné e à suposta arma. Eles teriam dito apenas que verificavam uma suspeita de furto. Por sua vez, o jovem afirmou que desconhecia o significado dos símbolos do boné e que já o tinha usado outras vezes para ir ao Ilha Plaza.

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No depoimento, os policiais também disseram que são colaboradores da empresa de consultoria em segurança que presta serviço ao shopping. Em nota, o Ilha Plaza informou que, logo após o episódio, cancelou o contrato com a empresa por entender que houve quebra de protocolo e violação das regras firmadas. “Repudiamos veementemente qualquer ato discriminatório e violento e adotamos medidas para contribuir com a luta antirracista, entre elas a criação de um Comitê Consultivo de Diversidade”, diz o texto.

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A Renner, por sua vez, enfatizou que não compactua com qualquer forma de violência e discriminação. Em nota, a Renner reiterou que os policiais não têm nenhuma ligação com o estabelecimento. “As investigações confirmaram que a Renner não teve qualquer responsabilidade em relação ao episódio, tendo em vista que os denunciados trabalhavam para uma empresa contratada pelo Ilha Plaza. A Renner é uma marca que valoriza a diversidade, que se inspira na igualdade, na pluralidade e no respeito”, acrescenta a nota.

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