Só falta o maestro

Grupo da OSB que mora em condomínio da Barra conquista os vizinhos com seus ensaios caseiros

Por Bruna Talarico
Atualizado em 5 dez 2016, 14h28 - Publicado em 15 Maio 2013, 13h10
foto Fernando Frazão
foto Fernando Frazão (Redação Veja rio/)
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Quem tem um vizinho baterista sabe o desespero que é tentar cochilar à tarde ou se concentrar nos estudos quando ele está em pleno exercício percussivo. Por causa de tipos assim, os músicos são sempre vistos com desconfiança quando se mudam para um novo endereço. O condomínio Rio 2, que fica perto do Autódromo de Jacarepaguá, é uma exceção. Ele se tornou um polo residencial de talentos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que, acredite, são sempre muito bem-vindos. Nada menos que dez integrantes do conjunto ? o equivalente a 10% de seu elenco ? residem no complexo, que tem quinze prédios e jardins projetados por Burle Marx. Ali, muitas vezes é possível ouvir notas afinadas saídas de oboés, violoncelos, violinos, clarinetes, fagotes e violas, que executam temas de Bach, Beethoven e Mozart. “Em vez de termos problemas por causa do barulho, somos cobrados quando não praticamos. Os vizinhos sentem falta de nos ouvir”, afirma, com orgulho, o fagotista Luiz Felipe Destéfano, que ensaia em média cinco horas por dia em seu apartamento.

Não é coincidência a concentração de tantos colegas de trabalho no mesmo local. Eles começaram a desembarcar por lá em 2011, logo que a orquestra passou a ensaiar na HSBC Arena, bem próxima dali. Pesou também na escolha daquela área uma mudança que parecia inexorável: a transferência da sede da OSB para a Cidade da Música, rebatizada de Cidade das Artes, na Barra. Uma vez instalados no condomínio, os músicos não só ficariam perto do local de trabalho como teriam mais facilidade para se deslocar para a nova sede, um projeto que, entretanto, ainda não vingou. Em pouco tempo, essa “orquestra de câmara” se adaptou à vizinhança ? e vice-versa. Nos dias em que o grupo se reúne no apartamento de um deles para pesquisar repertório ou ensaiar uma peça, o recinto se transforma numa verdadeira antessala de concertos. E não há registros de queixa no livro do condomínio. Ao contrário até. “Uma moradora diz que me espera começar a tocar para estudar”, conta o violoncelista Luiz Daniel Sales, que distribui convites para espetáculos no Theatro Municipal a vizinhos e funcionários do prédio. Afinal, seja no palco, seja no condomínio, harmonia é tudo.

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