Número de farmácias com salas clínicas mais que dobrou no último ano

Espaços oferecem aferição de glicemia, de colesterol e outros serviços que não dependem de diploma de medicina

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 20 jul 2018, 07h00 - Publicado em 20 jul 2018, 07h00

 

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(Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Tatiane Machado tem dias movimentados. Em uma manhã, pode aplicar injeções em crianças, checar informações sobre remédios para os pacientes e medir a pressão de uma fila de idosos. Apesar das tarefas e do jaleco, ela não é médica: é farmacêutica e dá expediente na Drogaria Venancio de Copacabana. No bairro conhecido pela grande quantidade de pessoas da terceira idade, seu cotidiano demanda múltiplos talentos. “Há aqueles que vêm medir a pressão mas, na verdade, querem é falar da vida”, comenta a dublê de psicóloga. “Muitas vezes o trabalho vai além do receituário”, diz. Por trás de tanta procura está um fenômeno que se espalha pelas ruas. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o número de salas clínicas em drogarias do estado saltou de 36 para 83 no último ano, com lojas que chegam a realizar, em média, 300 atendimentos ao mês. “Trata-se de um recurso que facilita a interação dos profissionais de saúde com os pacientes e desafoga o sistema público”, opina Sergio Mena Barreto, presidente da instituição.

A falta de necessidade de agendamento e a praticidade (todo mundo tem uma farmácia no caminho) são alguns atrativos da iniciativa, importada de países como Canadá e Estados Unidos. Em 2014, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou a atividade no Brasil. Presentes em 22 redes pelo país — as marcas em território fluminense são A Nossa Drogaria, Drogaria Moderna, DrogaRaia, Drogaria Venancio, Drogasmil, Drogasil, Farmalife e Farmácias Pague Menos —, esses consultórios podem fazer acompanhamento clínico dos pacientes, apoiando o tratamento médico, e também prestar serviços pontuais, como aferição de glicemia, teste dos níveis de colesterol, colocação de brincos e outras ações que não dependam de um diploma de medicina. A prática já existia clandestinamente — agora funciona de forma regulamentada. Grande parte do trabalho é gratuita ou custa valores inferiores a 30 reais ou, ainda, é remunerada através do plano de saúde. “É uma mão na roda para quem precisa resolver coisas simples mas não tem tempo de encarar um hospital”, acrescenta Mena Barreto. Além disso, em muitos casos, o atendimento profissional pode até estimular o paciente a se preocupar com seu bem-estar. “O pessoal da loja me deu força e voltei para a academia”, conta orgulhoso Pedro Oliveira, aposentado de 64 anos e frequentador de uma sala clínica da Pague Menos. Nunca é demais, porém, lembrar o que diz a propaganda: “Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”. ß

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