O retrato do ano

O anfitrião orgulhoso da Olimpíada, depois de virar assunto no mundo inteiro, sucumbiu a antigos problemas, acentuados pela crise econômica

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 dez 2016, 00h00 - Publicado em 23 dez 2016, 00h00
A cerimônia de abertura dos Jogos vista do alto do Morro da Mangueira: contraste indisfarçável (Ricardo Moraes/)
Continua após publicidade

Na derradeira edição do ano, a seção Retrato da Semana muda de nome e atribui a uma única imagem o baita desafio de simbolizar o espírito carioca nos últimos doze meses. A eleita de 2016, obra do fotógrafo Ricardo Moraes, rodou o mundo distribuída pela agência de notícia Reuters. Aliás, só deu Rio: na conta de Instagram da agência de notícias britânica, com 1 milhão de seguidores, dez das trinta fotos mais populares da temporada foram feitas aqui. Oito delas são registros da Olimpíada e as outras duas, retratos embevecidos do Cristo Redentor. O prestígio da cidade alcançou outras redes. No Twitter, a hashtag #Rio2016 foi a mais usada de janeiro a dezembro, à frente de, entre outras, #Election2016 e #PokemonGo. Essa foi a parte boa. Ricardo Moraes encontrou o ângulo perfeito no alto do Morro da Mangueira, na noite da sexta‑feira, 5 de agosto, em que o Maracanã abrigou a cerimônia de abertura dos Jogos. Visto assim do alto, o foguetório da festa no estádio fez contraste indisfarçável com o casario da favela mal iluminada.

Terminada a Rio 2016, só uma parte da paisagem acima permaneceu. Foi a pobreza, cevada por uma crise que não deixou de crescer, apenas tinha perdido espaço no noticiário, e voltou com tudo após a saída de cena dos atletas. Na internet, quebrou-se o encanto e o Rio virou Geni. O estado, falido, atrasava salários no começo do ano. Agora, quer parcelar o 13º dos servidores. Confrontos entre bandidos e PMs multiplicam-se nas áreas com UPP, como a Mangueira. Dá aquele desânimo, só aplacado pela ira descarregada nas redes, mas é preciso evitar a sensação de que a culpa é do outro. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) oferece uma saída nos versos de Receita de Ano Novo:
“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre”.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 39,96/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.