Como paciente foi parar no Copa D’Or após usar Ozempic falso
Vítima teve um quadro de hipoglicemia grave; laboratório que fabrica o medicamento publicou nota sobre recentes casos de falsificação no Rio e em Brasília
Uma mulher deu entrada com quadro clínico grave no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, após aplicar em casa uma dose de um produto falsificado vendido como Ozempic. Foi na última quinta (17). A Rede D’Or comunicou o caso ao laboratório Novo Nordisk, que fabrica o medicamento e já tinha relatado ter sido notificado de outros casos de falsificação no Rio e em Brasília, em um comunicado publicado no último dia 9. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 13ª DP (Ipanema). “O produto utilizado será enviado para a perícia e diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos”, diz a nota.
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A paciente, que prefere não se identificar teve alta nesta sexta (18), fazia uso da medicação acompanhada por uma endocrinologista e só percebeu a adulteração quando passou mal após o uso da última unidade que comprou em uma farmácia na Zona Sul, segundo o Jornal O Globo. Levada pela irmã, a paciente deu entrada no hospital apresentando sintomas de doença neurológica e afirmou ter começado a se sentir muito mal 15 minutos após a utilização do remédio. Uma médica com a mesma especialidade que a atendeu na emergência suspeitou do que poderia ter acontecido porque já teve acesso a relatos de outros casos semelhantes em grupos de médicos e através do recente comunicado do laboratório.
“Ela entrou no protocolo de doença neurológica. Não estava desacordada, mas não estava com sensório normal. Quando verificaram a glicemia, estava menor que 20, o que é muito grave. Uma pessoa com glicemia abaixo de 50 a 40 já tem sintomas neurológicos associados, como aconteceu com ela. A paciente foi prontamente medicada com quatro ampolas de glicose, subiu a glicemia para 31, melhorou um pouco, e depois recebeu mais aplicações. Ela foi internada e liberada na manhã seguinte”, disse ao Globo a médica Luciana Lopes, coordenadora de endocrinologia do Copa D’Or. “A gente não sabia o que tinha nessa caneta que a paciente usou em casa, então a médica da emergência pediu que a família levasse o medicamento até o hospital para averiguar e, claramente, parecia uma caneta de insulina que trocaram o rótulo. Quando a gente olha a caneta e a caixa, até a cor está diferente. A caixa é igual, mas a caneta é em um azul mais escuro que a de Ozempic, como uma caneta de insulina. Não podemos garantir porque não analisamos a substância em laboratório, mas cabe uma investigação. A semaglutida, que é a fórmula do Ozempic, não provoca hipoglicemia e os sintomas da paciente eram muito o perfil de quem usa insulina em dose excessiva“, acrescentou ela.
Após comunicar o caso para a Anvisa e para o laboratório, a Rede d’Or emitiu um comunicado interno para alertar os profissionais dos seus de 70 hospitais espalhados pelo Brasil para que possam identificar casos semelhantes a esse em suas emergências. “Se a paciente não fosse atendida prontamente, poderia morrer. Foi uma hipoglicemia muito grave”, disse ao jornal a médica, destacando a importância de alertar a população para analisar a embalagem do medicamento, observando se o lacre está violado. “A caixa parece ser de Ozempic, mas a caneta é completamente diferente. Um detalhe na caixa chama atenção porque fala em nova fórmula, mas desde que o Ozempic chegou ao Brasil não tem nova formulação.
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Parentes e amigos da paciente compartilharam nas redes sociais o alerta feito pelo laboratório Novo Nordisk sobre indícios de falsificação de Ozempic. “Gostaríamos de alertar sobre a veracidade desta situação gravíssima que estamos vivendo no Rio de Janeiro. Uma pessoa de nosso circulo familiar próximo, ontem pela manhã comprou uma caixa de Ozempic falsa, ao aplicar sua dose costumeira semanal, começou a passar mal em menos de 30 muitos, e após 2 horas estava em estágio fora de sentidos, tendo desmaiado por duas vezes em questão de minutos, e por sorte foi imediatamente conduzida para a emergência de um hospital da Rede D’Or onde foi prontamente e excelentemente atendida”, diz o comunicado da família.
Confira a nota publicada pelo laboratório:
“Novo Nordisk, líder global em saúde, informa que foram identificados casos de falsificação de Ozempic®, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Há indícios de que canetas de insulina Fiasp® FlexTouch® foram readesivadas com rótulos de Ozempic® possivelmente retirados indevidamente de canetas originais do medicamento.
A companhia reconhece a gravidade da situação e esclarece que, até o momento, nenhum evento adverso grave foi registrado entre os casos reportados até o momento e que está em contato e colaborando com as autoridades competentes, para contribuir com investigação dos fatos.
A empresa reitera seu compromisso com a segurança dos pacientes e, em função dessa ação criminosa, recomenda que qualquer pessoa que tenha adquirido Ozempic® atente-se aos detalhes da caneta antes da aplicação.
A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de Fiasp são azuis escura, com botão laranja.
Para se proteger de casos de falsificação, na hora da compra, desconfie sempre de:
Sites e canais não licenciados pela Anvisa para comercialização de medicamentos e que usam os nomes das marcas e/ou adotam aplicativos de vendas e redes sociais para ofertar os produtos;
Embalagem do medicamento visivelmente alterada, em idioma estrangeiro, com aparência farmacêutica (apresentação) diferente da registrada e com informações incorretas sobre o produto – Ozempic® é vendido apenas em canetas pré-preenchidas injetáveis;
Preços muito abaixo dos aprovados pelo governo (todos os produtos Novo Nordisk seguem a tabela da CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país).
Em caso de dúvidas sobre os pontos de vendas ou mesmo sobre o medicamento adquirido, os pacientes podem acessar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Novo Nordisk Brasil.”