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Memórias desnudadas: Podcast revisita os bastidores da revista Playboy

No ano em que a publicação completaria cinco décadas, histórias de negociações com as mulheres mais desejadas do Brasil, além de alguns “nãos” são relembradas

Por Carolina Isabel Novaes
12 dez 2025, 07h14 •
Anos de Ouro: Playboy completaria cinco décadas em 2025
Anos de Ouro: Playboy completaria cinco décadas em 2025 (Divulgação/Divulgação)
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  • No documentário Meu Ayrton, da HBO Max, Adriane Galisteu conta que Ayrton Senna (1960-1994) baixou na redação da Playboy quando soube que ela tinha feito fotos para o miolo da revista, em 1993. O piloto ofereceu 5 000 dólares para que as imagens sequer fossem reveladas. Senna não foi o primeiro a comprar fotos da namorada: Pelé (1940-2022) fez o mesmo com Xuxa. Esses ‘causos’ são relembrados no podcast Estrelas da Capa: As Histórias da Playboy. Adriana Negreiros, repórter da publicação e corroteirista do programa, narra, ao lado de Juca Kfouri, ex-diretor de redação, os bastidores da edição brasileira, que foi publicada pela Editora Abril entre 1975 e 2015 e tornou-se a de maior sucesso entre as versões pan-americanas da Playboy. Ao contrário da original, americana, que focava na girl next door — a vizinha, a professora, a dona de casa — por aqui as escolhidas eram mulherões famosos. Estampar a capa era símbolo de status: significava que aquela celebridade era muito, mas muito desejada e bem-sucedida.

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    Desejo: Juca Kfouri e Adriana Negreiros entrevistam Marina Lima, que estampou a capa em 1999 (Rafael Brayan/Divulgação)

    Adriane Galisteu acabou posando em 1995, e a foto icônica depilando a virilha, feita por JR Duran, causou. Foram vendidos quase 1 milhão de exemplares. Atrizes do quilate de Vera Fischer, Claudia Raia, Sonia Braga, Marisa Orth e Juliana Paes, além da cantora Marina Lima, tiraram a roupa na frente das lentes. Ter, todo mês, uma mulher nua na capa era um baita desafio, que demandava altos cortejos, flores e jantares em restaurante de alto padrão. A ex-jogadora de basquete Hortênsia teria sido a primeira a estipular especificidades: 25% do conteúdo da reportagem deveria falar sobre a carreira e outros 25% não poderiam ser de fotos nuas. Nas imagens ao estilo “como veio ao mundo”, determinados ângulos e posições foram vetados. Kfouri lembra que os leitores pediam Gloria Pires, e ela foi à redação acompanhada do marido, Orlando Morais. Em pé mesmo, foi direto ao assunto: só faria se recebesse o valor de um apartamento na Avenida Vieira Souto, em Ipanema. “Essa cena me marcou muito. A conversa levou três minutos”, conta o jornalista, que relembra também outras pautas marcantes: a entrevista com Pelé que fez o Rei Futebol romper com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, a descoberta da identidade de Carlos Zéfiro e a introdução do tema camisinha em todas as Playboy do mundo.

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    Empoderadas, sim: Cissa Guimarães afirma que as estrelas seguiam o lema “Meu corpo, minhas regras” (Fabio-Rocha-tv-Globo/Divulgação)

    Foram seis meses para coletar os depoimentos, que incluem declarações não só das estrelas da capa, mas de fotógrafos, jornalistas e outras pessoas envolvidas nas produções. Nem todo mundo topou. “As que são religiosas hoje em dia, especialmente a Feiticeira e a Tiazinha, não quiseram dar entrevista”, lamenta Adriana. Ela e Juca admitem que talvez fossem “cancelados” agora, porque apenas homens tomavam as decisões finais. Já as beldades aceitavam pelo dinheiro e por vaidade. “Éramos mulheres totalmente empoderadas. Meu corpo, minhas regras”, defende Cissa Guimarães, que com o cachê comprou o apartamento na Gávea em que vive até hoje. “Na minha época, só mostrávamos um seio ou uma nádega”, recorda Lívia Mund, a primeira coelhinha do Brasil, que chegou a fazer a foto da capa há exatos cinquenta anos. Acabou que a imagem não pôde ser publicada porque seu rosto já estamparia a revista Nova. “Essa história saiu até no Pasquim”, acrescenta Lívia, hoje com 69 anos, avó de duas meninas, casada desde 1979.

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    Entre peripécias vividas no Rio, em 2009, a funkeira Valesca Popozuda escolheu a Rocinha e o Complexo do Alemão como cenário de sua sessão. O poderoso Nem liberou o trabalho da Editora Abril em seu território, mas exigiu equivalência do número de fotos nas duas comunidades. Quando uma delas vazou, o chefe do tráfico da Rocinha ligou para a produtora Kika Paulon dando uma grande bronca. Em menos de cinco minutos, um clique da favela da Zona Sul também foi antecipado. Por ora, há três dos cinco episódios produzidos pelo Uol Prime disponíveis nas plataformas de áudio, com dados curiosos. Não se podia falar, por exemplo, de calvície na revista — afinal, o leitor era um homem culto, sofisticado, sem problemas. “Sinto saudade do espírito libertário da redação, era um espaço em que a gente podia falar sobre tudo, sem reservas”, diz Adriana, que, junto com Camila Gomes, assina a lendária entrevista com a recatada Sandy. Sim, aquela em que a cantora disse “é possível ter prazer anal”. “A Playboy foi um marco. Num dia, eu estava numa casa de swing. No outro, estava entrevistando um ministro de Estado”, reflete a repórter. São tempos que não voltam mais.

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    Estrelas da capa

    As revistas mais vendidas no Brasil

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    Joana Prado, a Feiticeira
    1,4 milhão de exemplares em dezembro de 1999

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    Suzana Alves, a Tiazinha
    1,2 milhão de exemplares em março de 1999

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    Adriane Galisteu, apresentadora de TV
    960 000 exemplares em agosto de 1995

    Scheila Carvalho, dançarina
    845 000 exemplares em fevereiro de 1998

    Sheila Mello e Scheila Carvalho, dançarinas
    838 000 exemplares em setembro de 1999

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