Produtora oferece aulas de música para alunos da rede pública

Ângela Nogueira, mãe do cantor Diogo Nogueira, é a idealizadora do projeto Clubinho do Samba

Por Heloiza Gomes
Atualizado em 8 jul 2017, 14h35 - Publicado em 8 jul 2017, 14h35
Ângela Nogueira: criadora do projeto Clubinho do Samba (Selmy Yassuda/Veja Rio)
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Ângela Nogueira é produtora cultural, mãe do cantor Diogo Nogueira, viúva do compositor João Nogueira (morto em 2000) e esteve ao lado do marido na criação do Clube do Samba, em 1979. Nada disso, porém, facilitou a implantação do projeto social Clubinho do Samba. Durante dez anos, a produtora bateu em diversas portas à procura de patrocínio e acolhimento para o programa, que oferece aulas gratuitas de música a jovens carentes. Até que, em 2013, conseguiu o apoio do Imperator — Centro Cultural João Nogueira, no Méier. “Os governantes não veem a realidade, só o próprio umbigo. Há muitas crianças sem direção, vivendo nas ruas, vendendo o corpo, usando drogas… Fico muito preocupada com isso”, diz ela, justificando a obstinação. A persistência de Ângela valeu a pena. Hoje, o Clubinho do Samba atende oitenta estudantes de 5 a 18 anos matriculados na rede pública e moradores das comunidades do entorno do centro cultural.

“É fácil aprender o que não é certo, pegar em armas e entrar para a bandidagem. Mas com amor, boa vontade e uma doutrinação lúdica, com certeza, a coisa melhora”

Às segundas, a turma recebe aulas de violão e cavaquinho, e às quartas, de percussão, numa espécie de preparação para a apresentação realizada todo fim de ano, para amigos e familiares. “O resultado é muito interessante. Uma criança autista, que não se socializava, em dois meses começou a se integrar. Em geral, os participantes melhoram a coordenação motora, ficam mais calmos, mais disciplinados. É gratificante!”, garante. As vagas são abertas uma vez ao ano e a única exigência é que o estudante esteja matriculado em escola pública. O curso é livre, sem prazo determinado para acabar. “Gosto de deixar as crianças à vontade, para que sejam protagonistas do caminho e da vida delas”, afirma Ângela, que coordena tudo e vai pessoalmente às escolas para fazer a divulgação do projeto. Aliás, a produtora promete voltar à peregrinação atrás de apoio para expandir o programa. O objetivo é levá-lo a outros lugares, oferecer novos cursos e receber até quem não está estudando. “Eles também precisam de ajuda, porque é fácil aprender o que não é certo; é fácil pegar em armas e entrar para a bandidagem. Mas com amor, boa vontade e uma doutrinação lúdica, com certeza, a coisa melhora”, acredita.

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