Os detalhes do projeto de revitalização da Pequena África, no Centro

Arquiteta Sara Zewde, etíope-americana radicada em Nova York, venceu Concurso nacional promovido pelo BNDES para a revitalização da região

Por Da Redação
11 jul 2025, 09h29
Foto mostra o Cais do Valongo
Cais do Valongo: principal porto de entrada de escravos africanos no Brasil (André Cyriaco/Divulgação)
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Uma passarela com inclinação suave de 5% pode abrir um novo caminho na Pequena África, na Zona Portuária, Centro do Rio. Ela vai conectar dois pontos-chave: as Docas de D. Pedro, onde hoje funciona o galpão do Ação da Cidadania, e um baobá próximo à Avenida Venezuela — árvore símbolo da ancestralidade africana. A inovação é parte do projeto da arquiteta e paisagista Sara Zewde, etíope-americana radicada em Nova York, que venceu o concurso nacional promovido pelo BNDES para a revitalização da região, de profunda importância simbólica, histórica e cultural para a população negra brasileira.

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O projeto selecionado foi elaborado pelo Studio Zewde, escritório fundado por Sara no Harlem, e tem como proposta principal reconectar o Cais do Valongo — local reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco — à sua história ancestral, por meio de intervenções simbólicas, arquitetônicas e paisagísticas. A descida da passarela conduzirá o visitante até o sítio arqueológico do Cais do Valongo e tem como objetivo transformar o percurso em um trajeto de reconexão cultural e espiritual, remetendo à jornada dos povos africanos escravizados. Elementos como piso trançado nas calçadas da Rua Sacadura Cabral e paisagismo com figueiras reforçam o entrelaçamento de histórias e resistências entre os dois continentes.

A proposta também prevê melhorias na acessibilidade, visibilidade das ruínas, reorganização urbana do Largo do Propósito e da Praça da Harmonia, criando um circuito coeso que integra patrimônio, cultura e vivência urbana. Segundo Sara Zewde, o projeto nasceu de escutas atentas aos moradores do entorno, suas memórias e seus sonhos. “Eu trouxe todas as conversas, acontecimentos e sonhos das pessoas que ouvi, todas as pesquisas e todas as minhas evoluções como arquiteta e coloquei nessa proposta”, contou ela ao jornal O Globo. Sua conexão com o Rio começou há 15 anos, quando trabalhou na cidade por meio de uma ONG americana. Morou na Glória, frequentou rodas de samba e reconheceu na Pequena África carioca um espelho da história do Harlem e de Nova Orleans — onde cresceu. Sara é professora da Universidade de Harvard e primeira mulher negra a integrar o Departamento de Arquitetura Paisagística da instituição.

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O concurso do BNDES premiou três projetos, além de conceder menções honrosas. A proposta de Sara Zewde foi a vencedora, recebendo certificação em cerimônia oficial. O banco público destinou R$ 7 milhões para os estudos e estruturação do projeto, cuja execução depende da aprovação dos órgãos de patrimônio como Iphan, Ibram, ministérios e prefeitura.

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