Proteste avalia casas de festas infantis
Da lista dos dez bufês, nenhum passou ileso nas condições de segurança. Arca dos Sonhos, Brinca Comigo e Espoleta foram as que chegaram mais perto da nota máxima
Escolher entre a empadinha de queijo e a de frango, decidir o tema da mesa do bolo e encomendar os brindes para os convidados. Para quem se aventura em fazer uma festa infantil por conta própria, não falta trabalho. E, como se não bastasse tudo isso, ainda é preciso limpar toda a bagunça depois do Parabéns a Você. Não à toa, contratar uma casa de festas costuma ser muito mais fácil e cômodo para os pais. No entanto, costumam passar despercebidos aos responsáveis alguns itens fundamentais para uma comemoração segura. Com base nesse último quesito, a associação que defende os direitos do consumidor, visitou dez endereços para avaliar itens como alvará, sinalização, placas indicativas em brinquedos e equipamentos contra incêndio e pânico (veja o quadro na pág. 42). “Em lugares com aglomeração, são itens fundamentais para garantir a segurança dos convidados caso aconteça algum imprevisto”, alerta o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Ricardo Meneguci.
Realizado anonimamente entre julho e agosto, o estudo revelou que nenhum dos estabelecimentos cumpriu todos os pré-requisitos do teste. Da lista, os endereços que chegaram mais próximo da nota máxima foram o Arca dos Sonhos e o Espoleta, ambos em Botafogo, e o Brinca Comigo, em Vila Valqueire, que só perderam pontos por não possuírem barras antipânico — dispositivo exigido apenas em espaços com lotação acima de 200 pessoas, limite não ultrapassado por elas. “Mesmo que não seja obrigatório, consideramos um zelo extra, sobretudo pela facilidade de saída nos momentos de emergência”, defende o pesquisador Carlos Confort, responsável por coordenar a pesquisa. Por outro lado, as primeiras colocadas se mostraram bem preparadas em outros quesitos. Na Arca dos Sonhos, que recebe em média vinte festas infantis por mês, todos os brinquedos têm placas personalizadas e de fácil identificação pelo usuário. Além disso, um cuidado é tomado para que o espaço nunca extrapole o limite de 200 convivas. “Só fechamos festas para até 150 convidados, já contando com uma possível margem para mais”, conta Juliana Caiafa, gerente-geral da rede, com unidades na Zona Sul e em Nova Iguaçu.
Entre as casas que estão na lanterna do levantamento está a Kids Club Festas, em Bangu, onde não existem placas indicando a saída. Além disso, apenas um dos brinquedos tem sinalizados o peso máximo, a altura e a idade mínima permitida. Já na Splum Festas, em Vila Isabel, onde uma comemoração no fim de semana para 100 pessoas não sai por menos de 4 000 reais, não havia itens básicos à vista, tais como a indicação da lotação máxima e o aviso de que é proibido fumar no espaço. “Temos o certificado dos bombeiros, e isso nunca foi exigido por eles”, reclama o administrador Ricardo Perdomo. Para a Proteste, que já realizou no fim do ano passado uma avaliação semelhante em casas noturnas do Rio e de São Paulo, para prevenir casos como o da boate Kiss, que matou 242 pessoas no Rio Grande do Sul durante um incêndio, ainda há muito que melhorar nesses endereços voltados ao público infantil. Especialmente em relação às informações básicas que devem estar visíveis a todos os convidados. “O fato de nunca ter acontecido um acidente não quer dizer que o local não tenha problema. A responsabilidade também é dos pais, que devem levar esses itens em consideração”, alerta Confort. Fazer festa não é só caprichar no bolo e nas brincadeiras.